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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Não se despacha, parece que tem ovos debaixo dos braços

Estou a atender um jovem pai,  que está acompanhado pela  sua filhota, que terá cerca de cinco ou seis anos. A menina muito simpática e conversadora. O pai em silêncio, vai arrumando as compras muito devagar. 

A dada altura,  a menina quer ajudar o pai e vai lhe dando os artigos, mas o pai diz, "calma, espera". O pai além de estar a embalar de modo muito calmo, ainda muda artigos de um saco para o outro. Reparo que na fila, já há clientes com alguma impaciência. É que era um jovem, não era um velhote debilitado. Certamente estava ali em alguma missão, porque não era um ritmo normal!

Quando termina e vai embora, o homem,  apenas diz obrigado, mas a filha despede-se de forma efusiva e simpática! Vai uma cliente diz:" é bem mais simpática e despachada que o pai, caramba, não se despachava, parecia que tinha ovos debaixo dos braços!" Ora eu nunca tinha ouvido esta expressão, então anotei logo para não me esquecer e a partilhar aqui!

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Pessoas que precisam de ajuda

Por vezes, ouvimos ao  som, chamarem pelo proprietário do automóvel X ou Y, e ficamos a pensar na matricula, se será o nosso. Confesso que preferia que dissessem a marca ou a cor, porque não sei  bem de cor a matricula.

Num destes dias, chamavam insistentemente, dizendo a matricula do veiculo. Ninguém se identificava. Parece que , alguém reconheceu os donos, uns velhotes que estavam na minha caixa. Via-se que eram pessoas instruídas, mas já muito debilitadas e de idade avançada. O senhor,  tinha deixado o carro a trabalhar e com a porta aberta. Então, enquanto o senhor foi ao parque, a esposa ficou a tentar retirar as compras do carrinho, não estava a conseguir, então um amável senhor que estava na fila, ofereceu-se para ajudar. Eu também embalei as compras e coloquei as mesmas dentro do carrinho.

Percebi que este casal estava completamente baralhado. Certamente precisariam de ajuda, no sentido de alguém conduzir a viatura por eles, pois pareciam não estar com capacidade para isso, para além de ser perigoso não só para eles, como também para com quem eles se cruzam!

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A saída sem compras, é pela entrada e não pelas caixas

Estava a atender clientes, num momento, que havia umas três pessoas em fila. O espaço estava ocupado com o carrinho e duas pessoas a embalar, e outro carrinho cheio a seguir.

Chegam duas pessoas que querem passar pela linha de caixas, sem compras, e ali estavam a empurrar pessoas e carrinhos sem dizer nada. E ainda a acharem que as outras pessoas é que se tinham  de se desviar para passarem. Digo que a saída sem compras é opor onde entraram, respondem que não estava lá nenhuma indicação e passam por ali, mesmo incomodando.

Em conversa com os clientes que estava a atender, comentamos sobre em alguns supermercados,  a saída sem compras,  ser pelas caixas, daí as pessoas não saberem, ou confundirem. As pessoas que estava a atender,  sabiam da diferença de sair,  sem compras pelas caixas e de sair pela devida saída, sabiam que está relacionada com o alcance dos produtos com alarme.

Vai então uma senhora diz:" mas qual é o problema de sair pelas caixas, se as pessoas não levam nada, não vai apitar na mesma!" É quando eu respondo "aí é que está o problema: as pessoas supostamente. não levam nada, supostamente"!

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os clientes Insubordinados

Existem alguns clientes, que têm o seu feitio, as suas atitudes, que demonstram alguma insubordinação, deixo alguns exemplos, reais, só para refletir...

  • os que querem levar os carrinhos/cestos ao parque, quando estes são de uso só no interior da loja;
  • os que querem passar nas caixas selfies com carrinhos, quando estas caixas são só para os cestinhos;
  • os que passam sem compras, pelas caixas, quando a saída é por onde entraram;
  • os que querem usar o carrinho dos deficientes que encaixa cadeira de rodas;
  • os que querem entregar, justamente os produtos pesados, pela frente;
  • os que pensam que temos um leitor de código  barras nos óculos, e por isso não é preciso colocar alguns artigos no tapete;
  • os que que se metem em cima uns dos outros, não respeitando a privacidade para arrumar os produtos, ou para pagar a conta;
  • os que que nos dão unhadas e tiram os artigos das mãos;
  • os que não mostram os sacos trazidos de casa;
  • os que levam sacos de forma suspeita nos carrinhos;
  • os que levam ou querem levar brindes, sem pagar;
  • os que estão ao telemóvel e nem respondem ás nossas perguntas;
  • os que se penduram no nossos acrílico;
  • os que só se lembram de ir buscar sacos ao carro quando têm as compras para arrumar;
  • os que têm sempre voltar atrás, para buscar artigos esquecidos, empatando a fila;
  • os que não querem as regras já existentes, mas sim, criar as suas próprias regras e vontades;
  • os que têm de ir imprimir cupões, no momento de arrumar as compras;
  • os que precisam de  ir ao multibanco levantar dinheiro na hora de arrumar as compras;
  • os que desaparecem da fila, e depois não se sabe a quem pertence aquelas compras;
  • os que não falam;

Ainda bem que são uma minoria, mas mesmo assim, o atendimento ao público não é fácil!

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Em modo segunda-feira

A segunda-feira, por vezes, é um dia difícil. Uma cliente estava um bocado atrapalhada, e a esquecer-se de por o código do multibanco. Então ela disse:"desculpe, parece que ainda estou a dormir"! Ao que eu respondo" deixe lá é segunda-feira!"

É então que ela  responde: " há um ditado que diz: não sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça!"

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Está tudo explicado!

O atendimento ao público é um treino da paciência

Uma cliente pede um saco de ráfia dos maiores.

Dou-lhe o saco e ela pergunta: "Quanto é que este saco mede?" Penso que é uma pergunta retórica e não respondo! No entanto, a   senhora insiste:" Mas quanto é que isto mede!? Eram maiores, já estão mais pequenos!?" Respondo que aqueles sempre tiveram o mesmo tamanho!

A cliente que estava a seguir, estava de queixo caído a ouvir a conversa e quando a senhora se vai embora, diz-me " Ai eu não tinha paciência para estar aqui, estava capaz de dar uma abanão à mulher! Mas ela queria que você medisse o saco!?" Respondi que já nem ligava, que já estava há muitos anos no atendimento ao público e que havia sempre clientes assim e até piores! A resposta foi: "ai coitadas de vocês!"

Haja alguém que nos perceba!

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O 17º aniversário do blogue "A lupa de alguém"

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O tempo não passa a correr, passa a voar. A verdade é que este  blogue faz 17 anos, está quase a atingir a maioridade!

Tem sido uma boa aprendizagem. Eu sempre gostei de escrever, mesmo antes da internet, já escrevia, em caderninhos, à mão, era tipo cadernos temáticos. Escrevia sobre situações, sobre lugares, momentos, pessoas, até escrevi sobre um outro trabalho que tive. Só que nessas alturas, o que eu mais queria era que ninguém lesse! Tanto, que nos primórdios deste blogue, a minha identidade era secreta!

Entretanto hoje em dia, já me habituei a escrever para o público, acabei por ganhar esse gosto, e penso que a minha escrita possa ser útil, interessante dento do estilo, pertinente, chame a atenção, dê para  refletir. Claro que nem todos gostam, e  muitos nem concordam ou apreciam, mas faz parte!

Para mim é terapêutico, é libertador!

Assim sendo, espero continuar. Aqui no blogue, no trabalho e na página!

Obrigada a todos os leitores, amigos, colegas de trabalho, família, conhecidos, críticos, pelo acompanhamento! Obrigada aos  clientes, pois são  a minha maior fonte de inspiração!

Bem hajam!

O menino que não quer escola

Há um menino que costuma ir as compras com a mãe e a avó. Adoro falar com ele. Faz-me sempre rir!

Hoje ele não foi à minha caixa, mas à caixa atrás de mim. Ele encostou-se na minha caixa, e meti conversa com ele, pois não me parecia estar bem disposto, como é habitual. Então perguntei " Está tudo bem contigo?" Ao que ele responde com um ar desanimado: "Não! A escola vai começar já na segunda feira!" Ainda lhe disse que era bom , porque ia aprender coisas novas, mas ele não se mostrou nada animado!

Lá me fez rir! Espero que mude de opinião em relação á escola, pois parece ser um menino tão esperto e desperto!

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