Na semana do Natal, uma senhora, perguntou-me se me podia oferecer aquela caixa de bombons que eu própria tinha registado! Não estava nada à espera, nem era uma cliente daquelas quase diárias com quem já tenho alguma confiança, apesar de não me ser de todo uma cara estranha! Como já aqui referi, apesar de ali trabalhar há quase 20 anos, não é a minha terra, não conheço os clientes, a não ser dali, e também sou um pouco tímida! Daí ainda ter maior significado!
Fiquei comovida! Por vezes, os clientes nem imaginam, o quão importantes são para nós estes miminhos. Agradeci-lhe imenso a atenção! Para mim, naquele momento, foi muito mais que uma caixa de bombons!
Gostaria ajudar a esclarecer, uma situação, que baralha um pouco as pessoas quando vão fazer o pagamento no TPA (Terminal de Pagamento Automático) do supermercado.
Certamente, já vos aconteceu terem de escolher a opção VISA ou MULTIBANCO quando vão fazer o pagamento . Esta norma europeia, já existe desde 2016, e vem assim predefinida por ser a opção internacionalmente mais utilizada - mas ainda suscita algumas dúvidas. O normal, é a maioria das pessoas acharem que se escolherem VISA, significa que vão pagar a crédito e se escolherem MULTIBANCO a débito, mas não é bem assim.
As opções não têm a ver com a forma de pagamento, mas sim com a marca da rede que se realiza a operação.
Se a pessoa só tem um cartão de multibanco, o pagamento nunca será feito a crédito, mas sempre a débito. Diz lá VISA, mas visa é a marca do cartão, mas também poderia ser , por exemplo, MasterCard ou American Express.
Só quando o cartão tem as duas modalidades, é que têm de ter a preocupação de escolher a opção que mais lhes convém! O cartão é de crédito quando tem as letras em relevo, e só aí precisa de ter algum cuidado!
Muitos clientes, dizem-me que só querem gastar o dinheiro que têm e não se meterem a gastar o que não têm. A maior preocupação das pessoas, com o uso errado destas opções/escolhas é fazem dívidas e pagarem juros por isso!
Da minha experiência, posso dizer, que a maioria das pessoas têm cartão multibanco, e por isso, podem fazer verde, código, verde, sem receio!
Desta vez são umas caixas de vidro para conservar os alimentos, tendo uma bomba de vácuo, o que faz com que os produtos estejam frescos durante mais tempo!
Os selos continuam a ser virtuais, e pode ter acesso a eles, pela aplicação, vendo quando sai o talão ou no dispensador de cupões! Basta passar o cartão, ou a palicação.
Esta época natalícia, já foi de luz e magia para mim. Quando o meu filho era pequeno sempre o levei a gostar de todo este encantamento!
No supermercado, há sempre muita correria, impaciência, mas também, algumas pessoas/clientes são invadidas por este espírito e ficam mais tranquilas, amáveis!
Também é altura de campanhas de solidariedade, que no meu ponto de vista, são um pouco longas. Não é fácil pedir, uma semana ou duas, ainda consigo, mas depois as pessoas começam a dar muitas negas, porque também estão com dificuldade. As pessoas justificam o "Não", muitas vezes com histórias de vida, que fazem chorar as pedras da calçada, fico devastada! Fico acanhada e com vergonha de pedir, mesmo sabendo que é parte do meu trabalho! Ainda assim, vou divulgando a campanha, que este ano, se destina a três associações locais, conhecidas pela maior parte das pessoas! Cada pessoa tem o seu feitio, e felizmente há pessoas que têm mérito nesta função!
Com o passar do tempo, e quando começamos a perder pessoas próximas, os sentimentos mudam, os lugares que antes eram de alegria, tornam-se diferentes. Vai-se perdendo o gosto.
Também é altura das avaliações nas empresas, e eu não lido muito bem com injustiças, não só comigo, mas com os outros. São situações, que não concordarmos , e que nos afetam e nos deixam tristes! Mas uma coisa é certa: o nosso valor, não diminui, só porque alguém não o vê! Tenho plena consciência, cada vez que saio do trabalho, que dei o meu melhor!
Não é por trabalhar ou conhecer melhor o continente, que tenho a opinião que é dos melhores supermercados, nomeadamente a nível de organização.
Há supermercados onde pedem aos clientes que coloquem todos os artigos sobre o tapete, todos mesmo todos! depois há outro onde, os garrafões não precisam de tirar pro tapete , e, até os mandam recolocar no carrinho, caso os clientes os tenham tirado, além dos garrafões qualquer outro artigo volumoso ou pesado, fica dentro do carrinho. Não acho uma boa táctica, já vi um artigo passar entre garrafões e packs de leite. O sistema do continente é mais seguro, pois nós pedimos sempre um artigo para multiplicar e verificamos bem o interior dos carrinhos!
Outra coisa, no continente somos nós que registamos os sacos de plástico e os mesmos estão ao nosso lado. Noutros supermercados, os clientes é que os tiram e quando chegam à registadora, como saberá a operadora se são trazidos de casa ou novos!? Também há um supermercado em que já não os têm e que a pergunta "vai precisar de algum saco?", já não se aplica!
Nós no continente, só temos um separador do "cliente seguinte", noutros supermercados, talvez porque o tapete é mais comprido, há vários!
Também são as operadoras que passam o cartão continente, em outros há uma maquineta onde é o cliente que passa! Por norma perguntamos no fim do registo se o cliente tem o cartão cliente!
Também é no fim do registo que colocamos o número do contribuinte na fatura, há supermercados onde os clientes podem dizer no inicio ou no meio do registo.
A saída sem compras, no continente é pelo local onde entrou, e não pelas filas a passar roçando nas pessoas que estão a ser atendidas, incomodando o atendimento.
No continente, ou em alguns continentes, a padaria, não tem selfservice, são as colaboradoras que colocam o produto na embalagem, pode se perder tempo, mas é mais higiénico, porque assim não andam todos a mexer no pão, porque nem todos os clientes usam luvas ou a tenaz para retirar pão ou bolos!
Depois, é o sistema de multibanco, também é diferente de loja para loja, nuns tem contact less, noutros não tem, nuns tem de encostar mais acima, em outros, mais ao centro!
Deveria ser uma norma universal, os clientes mostrarem os sacos vazios que trazem de casa, porque quando peço, e faço-o sempre educadamente, há clientes que ficam ofendidos! Se fosse um hábito comum, seria um momento mais tranquilo!
Por isso é normal que os clientes fiquem baralhados. Seria muito melhor se as regras e procedimentos fossem universais, mas também entendo, que o que os torna diferentes, seja o motivo da escolha de alguns clientes!
Um destes dias, ainda a cliente que estava a atender não tinha arrumado uns dois ou três produtos, quando a cliente seguinte coloca o seu saco em cima dos produtos da cliente anterior e diz-me para lhe registar os seus produtos. Eu digo "espere só um bocadinho"! A senhora dos produtos tem de pedir licença para alcançar os seus produtos. A outra diz "mas tenho esperar porquê, estou com pressa!" Eu digo que é uma questão de civismo e que ela está a ocupar o espaço que ainda não está livre.
Ela responde "somos todos cívicos, passe lá os artigos, que eu tenho pressa"! A outra senhora diz "deixe lá , é o pais que temos, cada vez as pessoas estão piores"! E foi embora desanimada!
A senhora diz-me "vá deixe lá isso, não se enerve"! Ao que eu respondo"pois nem vale a pena, se nem uma pandemia civilizou as pessoas, quem sou eu!"
Acho que ela ficou sempre a achar que ela é que estava certa!
Chegamos oficialmente ao Natal! São as iluminações, nas ruas, as decorações dentro das lojas, e, principalmente, muitos brinquedos atrativos para os mais pequenos!
Hoje ouvia-se muito o choro das crianças no supermercado! Eu entendo, é tanta coisa bonita, e depois os adultos só dizem para esperar pelo natal!
Não deve ser fácil para as famílias, irem ao supermercado, nesta época. Uma cliente dizia-me "também assim que entramos vamos logo de caras para os brinquedos, nem dá para nos desviarmos!"
Também vi um casal com uma criança a suplicar qualquer coisa, e o pai a dizer "então no fim das compras vimos aqui buscar isso!" Pois, pois, pensei eu!
Mas também, assim é uma forma das famílias perceberem quais os brinquedos que mais agradam às crianças, para depois comprarem algo que já sabem que é do gosto da criança, digo eu, que sou apenas uma operadora de caixa que tem uma lupa para as situações!
Uma mãe dizia ao seu menino, que havia muitos meninos e que todos tinham de ter um brinquedo, e que, por isso, ele só podia escolher um. E ele aceitou, e não devia de ter mais de 3 aninhos!
Os brinquedos deveriam de ter como objectivo fazer as crianças felizes, e não as fazer chorar!
Uma senhora já na terceira infância, coloca-me uma questão. Tento explicar da melhor maneira possível! A senhora está a olhar para mim com um sorriso. Então eu digo: "A senhora não entendeu, não foi!?" Ao que ela respondeu: "entendi sim, como não entenderia se você explicou com tanta ternura!"
E foi assim que ganhei o meu dia. É esta apreciação - que muitos clientes fazem, que muito conta para mim! Eles são justos, verdadeiros! O atendimento ao público pode ter algumas situações que nos tiram do sério, mas depois há outras, que compensam!
Nem eles sabem, o quanto importantes são para nós!