A falta de moedas, principalmente de €1, e as notas de €5 são um problema para quem está numa caixa registadora.
Por isso, é necessário pedir trocos, quando o pagamento é feito em numerário. Umas vezes porque temos em falta, outras apenas para arredondar e facilitar o troco, dando o menor número de moedas e notas de cinco euros possível! O facto de raramente os terminais de multibanco darem notas de cinco euros é motivo para a sua escassez. São umas notas que nos fazem muita falta. Claro que se pedirmos, a responsável nos entrega, mas eu pelo menos, tento ao máximo, não estar sempre a pedir!
A maioria dos clientes colaboram, e estão sempre prontos a facilitar os trocos, mas também há outros que se queixam e são capazes de dizer que nós é que temos de ter troco. Se pedimos muitas vezes aos clientes, é para evitar tempo de espera, enquanto alguém nos vem trazer!
Da minha parte só peço aos clientes que tenham alguma paciência e compreensão, e, se possível colaborarem, ou então apenas dizerem que não têm!
Por vezes há clientes que nos marcam, por algum motivo.
Atendia uma senhora super simpática, que me tratou tão bem. Foi muito querida e fez-me um elogio, coisa que por vezes também sabe bem ouvir. Sim, por situações positivas e conversas felizes também acontecem, até porque eu sou uma pessoa pacífica, e não gosto nada de discussões.
Disse-me que tinha 82 anos, mas que ia usar a aplicação, porque apesar da idade, conseguia fazer, pediu até desculpa por ir demorar um pouco mais.
Uma senhora muito bem vestida, penteada, maquilhada e cheia de adornos. Uma aparência assim, escondia a tristeza de já ter perdido dois filhos. Uma história de vida nada fácil. Gostaria de a continuar a ouvir por mais uns instantes, mas a fila não podia parar. Era nesta altura, que gostaria que "a caixa da socióloga", pudesse existir!
Estava a atender uma senhora de idade que estava com o filho. Como está a decorrer o cupão dos 15 por cento, estava a explicar à senhora o funcionamento do cupão.
Vejo que a próxima cliente está a soprar, para não dizer a bufar ! Assim que percebi a atitude, respirei fundo e ignorei, demorei um pouco mais, no despedimento.
Chegada à vez da senhora, diz-me logo que quer saco e que tem saldo no cartão para descontar, nem respondeu ao cumprimento, também ignorei.
Depois não tinha saldo algum, "ah não tem, então onde é que foi?" Ressalvei que se estava a referir ao cupão dos 15% só estaria disponível a partir de dia 28. Responde: "estão sempre a mudar tudo"! Ao que eu respondo que este procedimento já é assim há anos.
E ela responde "Pois mas está mal!" Ao que eu respondo que sou apenas uma operadora de caixa. Então, ela diz " pois, mas tem de passar as opiniões dos clientes, e deviam de parar de mandar papéis e de dar aqui papéis é um desperdício"! Ao que eu respondo que existe a factura eletrónica e a aplicação, onde a dita senhora me responde que não é obrigada a ter aplicações, nem facturas eletrónicas.
Respondi "está bem, tenha um bom dia, obrigada!"
Não há pachorra para pessoas que apenas lá vão para fazer zaragata!
Foi quando estive uns dias afónica que tomei noção do quanto precisamos de falar. Estas são apenas algumas frases quase obrigatórias, depois também faz falta a dita conversa de circunstância, se não, parecemos uns robôs, é a conversa que mais gosto, quando o cliente e a situação o permite!
Devo ressalvar, que neste supermercado a nossa revista magazine, se vende tão bem, que nem é preciso solicitar!
O que não é fácil "vender" , para mim, são os vales, mas há quem o consiga fazer. Nem todos conseguimos ser bons em todos os pontos!
Os sacos para os congelados, são, no meu ponto de vista, aqueles que agora, as pessoas, mais trazem de casa!
Também temos de pedir trocos, é essencial, para que não faltem moedas e principalmente notas de €5!
Uma senhora deixou o carrinho próximo do tapete, e outra senhora chegou e colocou as suas compras sobre o tapete. Quando a dona do carrinho chegou, começou a questionar a outra senhora o porquê de ter colocado as suas compras, e além disso, disse à outra senhora "retire imediatamente as suas compras, não viu que estava aqui um carrinho"! A senhora, pessoa já de idade, disse que não retirava as compras.
Eu, calmamente disse à senhora que o carrinho não guardava a vez, ao que ela respondeu que tinha ido ajudar uma senhora de idade a encontrar uma coisa. Respondi "a senhora foi porque quis, eu não ia ficar parada à sua espera" ,vai ela responde: " mas as regras são para se cumprir!" Ao que eu respondi: "é o que estamos a fazer, a cumprir regras, além do mais, esta cliente tem meia dúzia de artigos que já estão sobre o tapete, a senhora tem um carrinho cheio!"
Foi um circo, uma falta de bom senso, uma falta de noção, uma falta de tudo!
Até quando as pessoas vão continuar com esta falta de respeito!? Tudo por mais uns dois minutos na fila!? Porquê tanta pressa? Passam por cima uns dos outros!
E desta cliente, não esperava estava atitude tão errada! Bem fez a outra senhora, que não retirou os seus artigos, pois estava no seu direito!
Um cliente colocou os artigos sobre o tapete para registar e passou para o outro lado. Levava folhetos, e o que me chamou a atenção foi uma espécie de fecho de luz que fez do folheto para as luzes do teto, num instinto fui ver os folhetos que estavam em formato rolo e no interior uma laca de cor dourada. Agora é preciso ter atenção ao que se esconde nos folhetos!
Era um velhote, e disse "olha caiu aí!" Claro que a laca não ia cair e enrolar-se nos folhetos, mas pronto, continuei e fingi não dar importância!
Não é costume me constipar no verão, mas talvez devido ao excesso de uso do ar condicionado, constipei-me! E uma das consequências habituais é perder a voz!
A voz faz-me imensa falta. Tenho de fazer perguntas, cumprimentar as pessoas, divulgar campanhas, dizer o total, agradecer, fazer a despedida. Por vezes nem me dou conta, do quanto falo. Dava jeito umas plaquinhas com as falas, ou uma gravação, nestas alturas!
No sábado estava completamente afónica, e além das frases habituais, como não me ouviam, ainda tinha o esforço acrescido de as repetir até quase à exaustão. Alguns clientes diziam "ah está rouca!", ou, "e... como você está"!, ainda "isso não será covid!?", outros desejavam as melhoras, aconselhavam chás, faziam ainda mais conversa e eu tinha ainda mais de me justificar!
Até que, quando perguntei já a falar baixinho, a uma senhora o número de contribuinte, ela respondeu-me também num tom de voz baixinho como o meu, mas não era porque estava como eu, na altura, pensei que estava a gozar comigo! Pedi para ela repetir dizendo que não tinha percebido e ela disse "pois" num tom de voz normal, mas o número de contribuinte repetiu em voz baixa, deu invalido, eu não quis saber, e deixei assim!
No momento fiquei triste, desanimada e com uma vontade de sair dali a correr! Mas era um dia de grande afluência, lá respirei fundo, contei até 10 e prossegui!
Horas depois, já em casa, a pensar nesta situação, cheguei à conclusão, que a senhora certamente não estava a gozar, mas sim, a dar-me um recado/lição. Queria que eu entendesse que não deveria estar ali, porque as pessoas não me entendiam, e assim estava a prejudicar o trabalho e os clientes!