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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

O cliente macaquinho

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O primeiro macaquinho, tapa os olhos e não lê nada do que está escrito nas placas, nos cartazes, e diz que não viu;

O segundo macaco, não ouve ou finge não ouvir os nossos cumprimentos e perguntas!

O terceiro macaco, não responde, mas no fim reclama porque "ninguém o informou" e lembra-se que quer contribuinte e tem cupões!

Caro cliente, não seja macaco!

Coisas que na minha perspetiva fazem falta

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- Uma placa com o aviso "saída sem compras", porque a tendência das pessoas é sair pela linha de caixas, onde vão empurrar pessoas que lá estão com os carrinhos. A saída no continente é por onde se entra, onde há mais espaço. Deveria ser assim em todos os supermercados!

- Há pessoas, que entram de mochila às costas, com sacos. Podiam deixar no balcão mas na maioria das vezes não deixam. Havendo um lugar próprio, não era preciso estarmos a pedir para ver mochilas e nos olharem com cara de revolta!

- Existem pessoas que ao invés de usarem carrinhos da loja, usam os próprios trolleys e lá temos de pedir para ver o fundo. Um lugar nem que fossem para dois trolleys já ajudava!

- Não têm conta as vezes que os clientes empatam a fila por estarem a falar ao telemóvel, e a maior parte das vezes conversas banais. um simples pedido para que evite a situação, poderia ajudar!

- As pessoas vão sempre ao supermercado com pressa. Não são capazes de respeitar o espaço de quem está a ser atendido, nem para que a pessoas tenha privacidade a arrumar as compras, nem a pagar, principalmente a por o código do multibanco. passamos o dia a pedir à pessoa que se afaste!

Um bom lugar para por a conversa em dia

Há filas nas caixas com uma média de três clientes em espera. Estou a atender uma cliente habitual. Toca o telemóvel. Atende.

Era uma conversa não urgente, e até de cusquice. A sra deixa de arrumar as compras no carrinho, encosta-se ao fundo de braço encostado à barriga a falar. Ás tantas ouço-a dizer "Ai foi!? Então e mais!?" Ou seja ainda estava a puxar pela outra pessoa para  a conversa continuar. Peço cartão continente, não responde, pergunto se quer contribuinte, também não responde!

Eu olho para a senhora e já em stresse começo a contar em voz alta, mas achando que estava em voz baixa "um, dois, três..."!

É quando ela diz à outra pessoa que já lhe liga. É aí que vê toda a gente a olhar para ela, e começa a apressar-se e a pedir desculpa!

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Ficaria mais 20 anos neste trabalho com todo o gosto

Estou neste trabalho há quase 20 anos. Faço-o com todo o gosto e até amor, e, se me deixassem ficaria aqui mais outros 20 anos, com o mesmo entusiasmo, porque este trabalho sempre foi terapêutico e nunca para aqui vim como se fosse um frete, nunca!

Podem perguntar "mas não queres subir de posto, evoluir?" Ao que eu respondo "mas eu sou tão feliz assim, tantas pessoas que passam anos a querer ganhar mais , a querer subir! Eu já tenho o que quero! É assim tão mau me deixar ficar por aqui!?"

Eu sei e fico contente com isso, que alguns clientes me escolhem pela conversa, pelo apoio que sempre tento dar. Alguns clientes contam-me situações da vida deles, e eu tento sempre ter uma palavra de conforto. É essa a parte que mais gosto, faço um pouco de psicologia ou sociologia. Sei que de certa forma os ajudo.

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