Nem dois anos de pandemia, fizeram com que as pessoas mudassem de hábitos. Nem o facto de haver um acrílico à frente fez com que as pessoas percebessem que os artigos pesados e principalmente os pesados, são para colocar sobre o tapete.
Será que o cliente não entende, que para ele pode ser só uma caixa de cervejas, mas para a operadora de caixa, são dezenas ao longo do dia, e que o esforço que tem de fazer à coluna, pode provar alguma lesão!?
Resta-nos continuar a tentar, a arranjar formas de contornar estes e outros obstáculos, para continuarmos a poder trabalhar com saúde e segurança. Se estivermos saudáveis, seremos mais produtivos. Se estivermos bem, não precisaremos de baixas médicas!
Saúde para todos nós trabalhadores para que possamos continuar, a atender bem os clientes! E vós clientes, colaborem um pouco mais connosco, porque também será positivo para vocês!
O dia estava com alguns picos de clientela, e eu ainda não tinha feito a pausa que tinha direito. Entretanto, surgiu um momento, em que, estando a acabar uma cliente e não tendo outra, tive autorização para fechar a caixa e ir.
No entanto, surge uma senhora, vinda do corredor que tinha o carrinho lá encostado, e diz-me: "Então!? Não feche, eu estou aqui, tem de me atender! "
A outra senhora que estava a terminar diz-me : "Olha que lata, andava a ver as coisas nos corredores e agora diz que estava na fila"!Ao que esta responde: "Eu não estava no corredor, estava a fazer distanciamento!" Ela percebeu o que eu ia fazer, mas esteve-se nas tintas para mim. Porque nós somos máquinas, não temos fome nem podemos ir à casa de banho!
E pronto, lá adiei a minha pausa para atender a doutora, que bem podia ter ido a a outra caixa!
Mais uma vez, a questão de pedir aos clientes para mostrarem os sacos vazios que trazem de casa e levam no fundo do carrinho ou até pendurados no mesmo.
Um casal, já tinha colocado todos os artigos sobre o tapete, eu já tinha passado mais de metade, quando o carrinho passa para o outro lado. Pedi para ver os sacos. Não perceberam a pergunta. Repito e aponto para o pedido por escrito onde menciona que os sacos têm de passar pelo tapete (claro que se as pessoas os mostrarem de livre vontade, nós não pedimos, tem é de dar para perceber se estão vazios). Olharam um para o outro e deram-me os sacos incluindo o térmico que estava com o peixe dentro. E disseram que com a pressa até se tinham esquecido.
Vi pela conta que levavam cerca de €60 em peixe, que certamente não pretendiam pagar! Eu é que ainda fiquei nervosa. E pedi porque peço sempre, e não por desconfiar! Não estava à espera! E podiam me ter enganado!
Quando saíram da caixa, o cliente que estava a seguir, tinha, sem eu dar conta, observado tudo e disse-me: "que espertos "! Pareceu-me bastante surpreendido e indignado com a situação.
Uns 10 minutos depois, chega uma senhora que fica toda ofendida porque lhe peço para ver o saco! Diz-me "estão com medo que as pessoas levem coisas sem pagar dentro dos sacos!" Então eu digo-lhe que ainda há minutos levavam €60 de peixe sem pagar. Explico-lhe a situação e a mulher responde: " Pois a miséria é tanta, e as coisas estão tão caras...", nem a deixei acabar disse-lhe logo que isso não era desculpa para roubar!
Isto não está fácil! Quase todos os dias há uma situação destas, de "brindes" dentro dos sacos!
Como não tinha visto o noticiário na véspera, fui apanhada de surpresa. Mas, quando me disseram que podia não usar, hesitei. E tenho optado por ainda usar. Acho que ainda não me parece seguro. Preciso de mais uns dias. E a maioria das pessoas quer colegas, quer clientes ainda usa! Vamos ver no que isto dá!
No entanto, ainda bem, que tudo indica que é para acabar de vez com a máscara , em alguns lugares! É sinal que a situação está a melhorar!
As pessoas queixam-se dos aumentos. Realmente houve aumentos. Se o motivo "a guerra" é desculpa ou é real não sei, mas sei, que os aumentos são também para quem trabalha no supermercado. E desta forma, ter de ouvir "vocês aumentaram isto, vocês aumentaram aquilo", não é bom de ouvir.
Ultimamente, quando digo o total, há pessoas cujo dinheiro não chega e pedem para anular algum artigo, e isso custa-me bastante.
Que esta questão se resolva logo, porque, pelo que tenho visto e ouvido dos clientes, já há pessoas a não conseguirem comprar os bens essenciais!
Como muitos de vocês devem saber, a Sonae sofreu um ataque informático (ou um ataque pirata) no dia 30. No supermercado, as operações relacionadas com o cartão cliente, não estavam a funcionar bem. Nesse dia, não estive a trabalhar, mas estive ontem e hoje e as coisas ainda não estavam a cem por cento. A maioria dos clientes, quando explicávamos a situação, entendiam. Mas houve um ou outro cliente que não compreenderam.
Tive ontem, um cliente que fartou-se de reclamar, não me surpreendeu porque esse senhor já é reclamista por natureza. A dizer que a culpa era das pessoas que não queriam trabalhar na agricultura e que por isso tinham de comprar os produtos da Ucrânia e da Rússia quando há campos parados no Alentejo. Mas falava alto, não saía de lá com os artigos e não me deixava atender quem estava a seguir. Isso deixou-me stressada!
Hoje, a aplicação ainda está indisponível, e ainda não conseguimos aceder ao contribuinte associado ao cartão, mas de resto, o dia já foi mais tranquilo.
Obrigada a todos os clientes que têm compreendido a situação e têm sido solidários connosco!