Ontem atendia uma cliente habitual, por quem já tenho alguma afinidade, pois já são alguns anos de convivência! Sei que tem três netinhos, que vivem longe, e uma filha que de momento estava cá na terra com ela.
A dada altura, a senhora dá-me um cartão continente e diz-me "pode ver se este cartão tem saldo, é que encontrei o lá em em casa, era da minha filha!" Eu passo o cartão, e vejo que está inativo. Digo à senhora o estado do cartão. Ela diz-me: "então pode por no lixo!" E eu respondo: "mas se é da sua filha , ela pode ativá-lo"!
Quando a senhora me diz que a filha tinha morrido no final de março, eu fiquei pasmada! Eu sabia que a filha da senhora estava a tratar-se de um cancro , mas costumava vê-la por lá com ela, julguei que estava a recuperar, parecia melhor.
Fiquei chocada, sem saber o que fazer. Disse-lhe que lamentava muito, e lá deu para ficar um pouco a falar com a senhora.
Está de volta esta forma de ajuda. Na impossibilidade de se poder contar com os voluntários à porta dos supermercados, devido a situação de pandemia em que ainda nos encontramos, a ajuda continua a ser feita através de vales disponíveis nas caixas dos supermercados.
Contribuam. Se cada um contribuir nem que seja com um artigo, já será uma boa ajuda para alguém. Porque, mais do que nunca é importante e urgente ajudar.
No entanto é opcional, eu prefiro ouvir um NÃO, do que ouvir teorias da conspiração. Frases que nos desanimam, quando o nosso foco é angariar alimentos para quem mais deles precisa! Nós apenas tentamos ajudar!
Era um casal na casa dos quarenta anos, que não queria fazer distanciamento, e tivemos uma troca de palavras. Quando respondi que este procedimento já durava há mais de um ano, eles disseram que agora já não era preciso tanta coisa. Voltei a dizer que, ainda assim eles tinham de cumprir as regras como os outros.
E o homem diz para a mulher: " Deixa estar que o covid está acabar!"
Parecia querer dizer, que "a minha diversão, estava a acabar!" Porque devia de achar que me diverte fazer os clientes cumprirem regras! Até parece que fui eu, e era a única, a exigir distanciamento! Porque eu faço o que me apetece e não o que a empresa manda!
Há dias, um casal de idosos quando ia pagar as suas compras com o cartão multibanco, aparece a mensagem de cartão expirado.
Vejo que o cartão tinha acabado em abril e já estávamos no meio de maio. Perguntei se não tinham recebido um cartão novo. O senhor queixa-se do carteiro que agora só lá vai uma vez por semana. Pergunto se não nem outra forma de pagar, diz que não!
Começa a ver o dinheiro que tem e está longe de chegar. Explico o caso à minha colega, porque parecia que os clientes achavam que o problema era nosso e que nós é que tínhamos de o resolver.
Entretanto, a minha colega pergunta aos senhores que querem que guardemos as compras enquanto vão a casa buscar dinheiro. E o senhor responde imediatamente: " ir a casa e voltar, isso é que não!" E continuam ali à espera! A minha colega diz-lhes: "pois mas assim, como deve compreender, levar as compras sem pagar, também não pode ser!"
Foi nessa altura que o senhor deixa lá a esposa com as compras e vai ao carro, e não sei como arranja o dinheiro!
Pergunto a um cliente se quer número de contribuinte na fatura. Responde : "Não, está associado!" Volto a perguntar: "Está bem, mas então, não o quer na fatura?" Resposta: "Se não quisesse porque o tinha lá!?"
É preciso informar, que para já, as pessoas que já levaram a vacina, têm as mesmas regras que as outras pessoas, nos espaços como o supermercado, e que não estão totalmente imunes. Isto porque têm surgido muitos clientes que acham que a vacina lhes dá poder de super heróis!
O dia estava a correr bem. Há dias que correm bem, clientes simpáticos, compreensivos, educados, cumpridores, amigos , até. Devo de atender dezenas ou até centenas, assim!
No entanto, basta um, para estragar o dia, ou pelo menos para perceber que ainda há uma minoria de gente, que não aprendeu nada, com esta pandemia. Mais uma vez o distanciamento. Estava a atender um casal, outro cliente tinha as suas compras no tapete, onde há uma sinalética no chão onde ele tinha de estar e depois os outros teriam de estar mais atrás, conforme a marcação. Mas, "os outros" já iam colocar as compras. Pedi educadamente, para aguardarem só um pouco, até porque eram novos, julguei que entendessem. Aguardaram, quando os que estava atenderem saíram, e o seguinte passou para o outro lado, pedi que avançassem!
Começam "...e porquê, qual é a diferença"!? Respondi que eram as normas da empresa e mostrei a sinalética, mas foram insolentes, mal educados. Por fim, disse-lhes "pois se não entendem, mesmo assim, já é uma coisa que não posso ajudar, só lamentar!"
Que gentinha medíocre! Creio que são pessoas como estas que fazem com que muitos estabelecimentos estejam fechados, mesmo com normas e equipamentos, porque simplesmente não cumprem, questionam tudo e não respeitam nada!
Havia filas, as pessoas estavam a fazer distanciamento, como é normal em maio de 2021.
Entretanto, um cliente deixa o seu cestinho vermelho na fila e passa pela frente da minha caixa sem pedir licença e dando um encontrão ao carrinho da pessoa que estava a atender, ainda o tentei chamar , mas a pessoa seguiu caminho.
Cheguei a pensar que tinha tido uma emergência já que parecia ir direito à casa de banho, mas afinal, foi ao multibanco!
Continuo o meu trabalho , já estava com outros clientes, e a pessoa, novamente entra pela linha de caixas, ou seja em contra-mão, incomodando quem estava ali a ser atendido e a cumprir as normas.
Digo ao senhor que não pode andar ali a sair e a entrar pelas caixas e ele responde que já foi vacinado!
Agora é assim!? Os vacinados são selvagens!? É que nem se trata de uma questão de vacinação, mas de boa educação! Com ou sem pandemia é um comportamento incorreto!
Quem me dera que as restrições acabem logo, para não ter de estar a cada dia a lutar para que se mantenha o distanciamento. Se nem a pandemia ensinou a pessoas a terem comportamentos mais corretos, mais nada os fará mudar de atitudes.
Mas será que depois da pandemia, as pessoas vão ter comportamentos ainda piores do que tinham antes, e durante a pandemia!?
Um cliente queria utilizar um cupão de €5 em €20 de compras. Mas não trouxe o cupão de casa, nem tinha imprimido uma segunda via no dispensador de cupões.
Digo-lhe que pode imprimir depois, e no balcão recuperar com a colega que lá estava, para não interromper a fila e fazer as outras pessoas esperar.
Então ele começa a ser parvo e a dizer que lhe estou a dar baile, porque se fosse lá depois de pagar como é que ia ter o desconto!? Respondo que os €5 euros ficavam no cartão e não era descontado já na conta. Ele insiste que o estou a enganar.
Uma senhora que estava na fila, pede licença para intervir e mostra ao senhor um cupão de €5 onde se lê que o desconto ficava no cartão! O senhor, mesmo torcendo o nariz, lá aceita!
Quando ele sai, a senhora pede desculpa, porque também trabalha no atendimento ao público e a situação estava a incomodá-la. Digo-lhe que só tenho a agradecer, porque só me ajudou!
E é isto, só quem atende ao público consegue se por em nosso lugar em determinadas situações! Fiquei muita grata a esta cliente!
Um destes dias, umas senhoras, (três gerações avó, mãe e neta) que costumam ir ao supermercado, sempre ao mesmo dia da semana, andavam à minha procura para as atender porque gostam do meu atendimento e foi a mais nova que me disse, englobando as três. Fiquei comovida e feliz.
É sempre gratificante. Agradeci-lhes a preferência. É principalmente nestes tempos, que são de tantas lutas que sabe tão bem, ter esta apreciação. Tornaram o meu dia muito mais agradável!