Na entrada do supermercado está uma máquina a que chamamos dispensador de cupões, serve para que os clientes possam imprimir uma segunda via dos cupões de descontos que receberam pelo correio em casa, mas que se esqueceram de os trazer. Repito, está mesmo à entrada, passam por ela. Ela está lá sempre! Até podem tirar as senhas para outras secções.
No entanto, a maioria das pessoas parece não a ver. É sempre no momento em que os clientes estão a colocar as compras no tapete, a arrumar as compras ou quando perguntamos se o têm cupões, que se lembram. Mesmo vendo que vão fazer outras pessoas esperar, mesmo percebendo que estão a empatar todo o atendimento, não se inibem de os ir imprimir no momento errado!
O melhor era mesmo a máquina os chamar à entrada, tipo fazer um "psst, pst você aí, imprima aqui"!
Deixo aqui um testemunho de alguém que esteve no "meu" continente e que ficou muito agradado.
«Estive no teu continente e fiquei muito surpreendido, pela positiva. Vocês estão numa espécie de fortaleza. Não só nas caixas como nos balcões, destaco a peixaria, também muito segura, embora estivesse lá um sujeito a invadir o espaço, mas foi logo posto no lugar! Assim dificilmente o vírus passa! O vosso patrão investiu muito na vossa proteção. O continente é o melhor a esse nível! E a pessoa que me atendeu na caixa tinha o tapete limpinho.
Também estive no PD, e não tem nada a ver, só tinham cerca de um metro de acrílico à frente do operador, não tinham o cuidado de desinfetar o tapete, na altura que lá estive, até estava com receio de lá colocar as minhas coisas, pois estava muito sujo, por isso esperei ficar vazio na esperança que o limpassem, mas não o fizeram!
Estive antes em outros supermercados, e parecia tudo normal, como se não existisse o covid, ninguém fazia distanciamento, estava tudo ao molho, muita gente dentro, uma grande confusão!
Se existisse um prémio para o supermercado que mais protege os seus funcionários, e até os clientes, o continente estaria em 1º lugar!»
É mesmo verdade, sempre disse isso aqui, o continente tem uma exelente proteção, o problema é mesmo fazer com que os clientes respeitem e aceitem as normas.
Estou ainda a atender uma cliente, quando a cliente seguinte empurra o seu carrinho vazio até tapar a janela de pagamento do acrílico, espaço que era necessário para a outra pessoa fazer o pagamento. Peço-lhe para afastar um bocadinho e ela responde: "ah é só o carrinho que está aí , acho que não faz nenhum mal!" Virei-me pro outro lado, respirei fundo, chamei-lhe um ou dois nomes feios. Com a máscara e falando baixinho, ninguém percebe, mas alivia !
Entretanto atendo um senhor que quer ser ele a decidir como eu lhe registo as compras, porque já foi empresário e sabia muito bem a melhor forma de facilitar o cliente.
Mas será que esta gente acha que nós estamos ali só para implicar!? Acham que nos dá algum prazer ter de chamar atenção!?
Se cumprissem as normas, se lessem cartazes, respeitassem sinalética, distanciamento. Está tudo sinalizado e escarrapachado, nós não estamos a inventar nada. São normas não só da empresa, como também governamentais. Mas as pessoas gostam mais de questionar tudo, do que respeitar.
Se cada cliente fizesse a sua própria lei, isto seria a República das Bananas!
As caixas do continente estão mais ou menos assim, estamos rodeadas de acrílico. Que bom seria se os clientes percebessem a função do dito cujo. Até já me tocaram nas costas mesmo com o "vidro" lá! E estão sempre a querer passar artigos pesados, quando deve ser o tapete rolante a trazê-los até nós! !
Se o acrílico está lá não é para ser invadido ou transposto!
Nos últimos dias tenho notado uma grande influência das pessoas ao supermercado. Muitos carrinhos cheios, pessoas até com dois carrinhos, contas de duzentos e até trezentos euros. São poucos os momentos de acalmia, é praticamente "sempre a bombar"!
Possivelmente porque os restaurantes estão fechados e as pessoas têm de fazer as refeições em casa! Ainda bem, que mesmo neste contexto, há dinheiro para gastar, mas não deixo de ficar surpreendida!
Na profissão de operador/a de caixa , o tapete rolante, tem a função de facilitar a vida às pessoas, fazendo com que haja um menor esforço da coluna, pois os artigos rolam, uma das razões (a outra é o respeito pelo acrílico que está à frente) que me leva a incentivar o cliente a colocar os artigos sobre o tapete, para que o mesmo traga os artigos até à operadora. Para o cliente pode ser só um pacote, só um volume, mas para a operadora, seriam dezenas por dia!
Uma cliente pergunta-me se sei até quando vai ser proibida a venda dos artigos. Respondo que não sei, que depende dos nossos governantes. A cliente disse que queria comprar um brinquedo para uma criança que fazia anos. Percebi que estava triste por isso, porque mesmo não sendo um bem essencial, provavelmente era uma criança pequena, que já tinha de estar confinada, provavelmente sem amigos no aniversário, e, ainda por cima, não teria brinquedos. Nem todas as pessoas sabem comprar on line.
É que são crianças, não dá para fazê-los entender esta nova realidade!