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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Gente insolente

Há uma cliente habitual, uma senhora que ainda não se deu conta o estado em que o pais está, por isso continua com as mesmas atitudes incorretas que sempre teve. Só a conheço dali, e parece-me uma pessoa mal formada e teimosa por natureza.

Sempre teve o costume de não reparar que existem pessoas à sua volta que não têm que levar com as suas atitudes. Ela leva um trolley, dentro do mesmo tem imensos sacos, alguns em estado lastimosos, leva também um balde, daqueles que as crianças brincam na praia, que mete um saco e depois aí coloca o peixe.

Antes da chegada do vírus, depois de a atender, ela ficava a ocupar o tapete com toda a sua tralha, eu chegava a atender umas três pessoas, e ela não saia dali, pois não se despachava e ainda se punha primeiro a confirmar o talão e só depois é que pegava nas tralhas e ia embora.

 Agora queria fazer o mesmo só que eu fiquei parada a olhar para ela e disse-me "pode continuar o seu trabalho", ao que eu respondi "não, não posso, tem de sair!" La retirou  as coisas, de má cara, e foi!

Mas da última vez, tirou-me mesmo a paciência.  Quem me conhece no trabalho, sabe como eu sou pessoa calma, tolerante, compreensiva. Ainda eu estava a atender uma pessoa, quando lhe disse para ela ir colocando os seus artigos. Mal os coloca, passa pro outro lado, roçando na senhora que ainda estava a digitar o código do multibanco. Já do outro lado, e com a outra cliente ainda a ser atendida, começa, a tirar os seus sacos sebentos,  o  balde e tralhas do trolley e a espalhar pelo tapete. Vai eu digo: " olhe desculpe, mas não pode fazer isso, ainda aqui está esta senhora!" A outra senhora abanou a cabeça também indignada. Mas esta só barafustou, e manteve-se no mesmo sitio! E pela idade que tem, devia de ter algum respeito pelo vírus. Deve de achar que isto é tudo uma brincadeira, que não há perigo. Será que não tem família!? É que nós temos, e se não nos respeita, não faz ali falta alguma!

É uma falta de noção e de respeito que indigna qualquer um! Esta pessoa nunca vai aprender, pois, de certo que o seu feitio é bem vincado, e deve de achar que já sabe tudo! Não aceita as normas, ainda goza! É uma insolente! Não há paciência!

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O diário do dia

Já aqui vos falei de uma janela de pagamento, uma abertura no acrílico, para as transações.

Passo o dia todo a pedir ao cliente para pagar por ali. Alguns aceitam e fazem, mas outros,  ou gozam, ou dizem disparates.

Depois acontece que peço ao cliente o cartão continente por ali, ele da-me o cartão e vai para o topo, para me dar o dinheiro. Digo que o dinheiro também é por ali. Ele volta lá e dá-me o dinheiro. Quando dou conta já fugiu outra vez, lá o chamo de novo para entregar os talões.

É  o dia todo nisto! Cansa, satura.  Como é que não percebe que tem de ser toda a transação por ali. Sim o "buraco" é pequeno, apertado, pode não concordar, mas pelo menos podia aceitar e cumprir!

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Carrinho sem freguês, não guarda vez!

No início das novas medidas, as pessoas respeitavam, como já aqui referi, mais as regras. Porque ao saberem que havia mais pessoas na rua à espera para entrar, levavam logo os sacos, o carrinho, os cupões.

No entanto, já se voltaram a desleixar. Já são capazes de ao meio do registo ou mesmo no fim, irem imprimir cupões, ou pedirem para ir buscar um carrinho, ou irem ao carro buscar sacos, ou ainda irem buscar artigos que se esqueceram. Faz-me confusão isto. Parece que vão parar ao supermercado sem querer, e só se lembram que lá estão, quando estão na fila.

Aconteceu uma senhora deixar lá o carrinho e ir buscar algo que se tinha esquecido. Como eu já tinha o tapete vazio, e o carrinho não marca vez, chamei o próximo. Deu tempo desse cliente colocar todas as suas compras no tapete e de eu registar umas duas ou três, quando a cliente do dito carrinho chegou. Começou a reclamar que estava à frente da outra pessoa.  Eu digo que fui eu que chamei. Ela reclama de novo que só foi num instante. É quando eu digo "mas aqui, carrinho sem freguês, não guarda vez" eu não posso ficar parada, quando tenho pessoas para atender! Lá se calou!

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Deu objecto por cima do acrílico

Uma cliente, queria que eu visse o preço de um creme facial, e como tinha o acrílico à frente, teve a ideia de se colocar em bicos de pés e atirar o creme pela frente. Depois de perceber o meu olhar e recuo, percebeu que tinha feito asneira,  e pediu desculpa!

Esta situação até se pode considerar uma distração, um desconhecimento, mas ao mesmo tempo demonstrou uma falta de noção, uma certa falta de civismo...

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Só pedimos que respeitem as regras

Na minha opinião, no início da pandemia, ou por ser novidade ou  por medo do desconhecido, as pessoas/clientes aceitavam e respeitavam melhor as regras que estavam no supermercado, do que hoje em dia.

Ultimamente tem sido complicado fazer com que os clientes cumpram as medidas impostas pelo supermercado que são pela segurança e saúde dos clientes e dos funcionários.

É desgastante, estar a cada cliente, a chamar atenção, a dizer "aguarde atrás da linha", ou "o pagamento é aqui nesta janela", ou ainda "coloque as compras na zona verde" , e também "não podemos aceitar os produtos em mão, coloque sobre o tapete", e depois ouvir as discordâncias dos clientes, ou porque para eles não muda nada, ou não lhes  faz sentido, e ainda acharem que  como eles dizem, é que está bem.

E depois como há colegas mais novos, que estão naquele trabalho de passagem, e que talvez não se esforçam tanto para manter as medidas, e por isso, deixam passar uma  coisa ou  outra, e os clientes reparam nisso, e têm logo de dizer "ah mas aquela menina deixa fazer assim"!

Há clientes que chegam a ser indelicados connosco, inconvenientes,  desnecessariamente.

Já me disseram " mas é só assim no continente", ao que respondi de peito cheio "pois é, nós somos uns privilegiados, porque trabalhamos numa empresa, que se preocupa com a segurança e saúde dos seus colaboradores". E é verdade, têm sido incansáveis em medidas, sinalética, acrílicos, regras. Tenho me sentido mais segura e confiante assim. No meu ponto de vista se a empresa está a fazer esse investimento, é para que seja cumprido! O problema  é fazer com que os  clientes  aceitarem as medidas, quase que seria preciso um agente da autoridade à frente de cada caixa, para ver se assim havia respeito e cumprimento das medidas.

Depois dizem que com tantas medidas, já ouve colaboradores da sonae infetados,  mas nem sempre depende só das medidas da empresa, mas também, o facto de muitos empregados, por exemplo, virem de comboio e isso estar, para já, fora do alcance da empresa.

Imaginem a carta de condução, tem regras. Um condutor não pode dizer "ah o semáforo estava vermelho, mas eu estava com pressa não pude esperar!" ou "tinha sinal de proibido, mas deu-me mais jeito ir por ali"! Agora o circuito do supermercado também tem regras, e, mesmo que não estejam de acordo, têm de cumprir! Porque são justamente estas desculpas que dão no supermercado, onde também há semáforos, transitos proibidos, etc.

Muitas pessoas acham que o pior já passou e que já se pode voltar ao mesmo, certamente não ouvem notícias, não sabem que é possível uma segunda vaga do vírus.

Por isso, é sempre melhor prevenir e aceitar as medidas da empresa, que não foram feitas apenas para ficarem bonitas na fotografia, mas sim, para proteção de todos!

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Mascarados, nem nos conhecemos

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Estava a atender um cliente, a dada altura achei estranho a conversa, porque supostamente não conhecia aquela pessoa de lado algum, mas, afinal conhecia bem a pessoa, só que com máscara não o estava a conhecer!

De outra vez foi entre clientes, uma pessoa meteu-se com a cliente que eu estava a atender, e a cliente olhava fixamente para a outra. Entretanto a outra percebeu que não a estava a reconhecer, retirou um pouco a máscara, e depois todos nos rimos da situação! "Ah és tu!"

A máscara deixa-nos sem perceber o que os outros dizem, não nos reconhecemos, porque estamos meio mascarados, e ainda nos faz sentir sufocados, mas, temos de nos habituar!

O açambarcamento do álcool em tempo de pandemia

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Hoje estava a atender um senhor que trazia dois frasquinhos de álcool gel, disse-lhe que só podia vender um por cliente.

Ele: Mas ali no Pingo Doce há pargas disso e cada um leva o que quiser!

Eu: Então vá lá comprar!

Ele: Não é  isso, queria era que me dissesse porque é assim num, e não é no outro!

Eu: Não sei, eu só estou aqui para cumprir o que me mandam fazer!

A este propósito queria referenciar que há um decreto lei de janeiro de 1984, onde o artigo 29º é relativo ao açambarcamento, e que recentemente o governo, neste âmbito recomendou aos estabelecimentos que tomassem medidas que dissuadam o açambarcamento. Esse decreto lei está exposto no supermercado. E também incluído e atualizado  no  nº2-A/2020, de 20 de março.  

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Torna-se cansativo assistir  ás artimanhas que muitos clientes fazem, para levarem álcool para casa, porque mesmo que o nosso sistema não permita dois frascos numa conta, eles dizem para fazer duas, três ou até mais contas, pagam com cartões diferentes, ou então, saem da loja e voltam a entrar, e ficam chateados quando lembramos que o álcool está limitado por estar em escassez! Muitas vezes, até pode haver pessoas que precisem mesmo mesmo de levar mais que um, por ser para um familiar próximo, mas por causa dos excessos de uns, pagam os outros.

Claro que alguns dizem entender, mas são poucos os que têm essa consciência! Uma coisa é certa, é um produto que mal chega, sai logo!

Recebeu três chamadas e ainda fez mais uma

Continuo a achar que devia ser proibido atender e fazer chamadas desde que começam a colocar os artigos no tapete até ao pagamento e retirada dos artigos/sacos do tapete de saída, a não que seja alguma coisa urgente, ou apenas para dizer à outra pessoa que está do outro lado, que agora não pode atender.

Um destes dias, uma senhora ia colocando os artigos no tapete com uma mão e com a outra segurava no telemóvel e falava descontraidamente com alguém. Avisou-me que tinha três contas. Termina uma conversa desliga, paga uma das contas, novamente o aparelho toca e a senhora volta à lentidão. Começo a stressar e pergunto se posso colocar as coisas no saco, diz que não, porque tem se separar as coisas. É que ainda se dá ao luxo de andar com picuinhiches a arrumar as coisas. Quero avançar para a outra conta, mas ela continua ao telemóvel e a ignorar-me. Lá desliga, mas logo a seguir, faz ela uma chamada.

Uma pessoa perde a paciência, desta vez ninguém se queixou na fila, mas uma vez, numa situação igual (só não estávamos em pandemia) um senhor me disse que a empresa não devia permitir que atendessem o telemóvel, até falou num país que tinha mesmo um sinal de proibido.

No continente, há vários procedimentos onde se tem de usar o telemóvel, tais como a aplicação, cupões, o continente pay, por isso é complicado proibir o uso, mas podiam proibir as chamada e/ou a utilização para outros fins.

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O acrílico e a máscara dificultam a passagem do som

Nas linhas de caixas existem como já aqui referi barreiras de proteção em acrílico, há uma rádio. Além disso, agora todos os clientes estão de máscara, nós também de máscara, o que torna mais difícil a comunicação entre a operadora e o cliente. Parece uma conversa de tontos! Por vezes não nos entendemos, e quando o cliente tem de ditar o número de contribuinte, é uma animação.  Mas o mais engraçado é  quando o cliente é estrangeiro e com sotaque! 

O que vale é os clientes entendem e por vezes até brincamos com a situação, eles fazem sinais dos algarismos com os dedos! Ou ficam no topo a ditar!

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