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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Pessoas que vão às compras para elas e para os outros

Por vezes tenho a sorte de atender, pessoas  que são uma verdadeira força da natureza, uma lufada de ar fresco. Pessoas solidárias, que vão às compras, não só para elas, como também para familiares, vizinhos, amigos, que nesta altura que o pais atravessa, não podem ir à rua.

Gostaria de partilhar duas histórias.

A primeira, uma jovem mulher, cujas compras eram para ela, pais e avós. O carrinho estava lotado, ela queria ir logo separando, nos sacos. Muito desembaraçada, de um    lado  para o  outro.  Ao mesmo tempo conversava comigo,  simpática, educada, bem formada,  daquelas pessoas que nos fazem sentir úteis. Ao ver eu a dizer ao próximo cliente para aguardar atrás da sinalética, elogiou a minha atitude e disse que não eram só os médicos que mereciam a sua admiração.

A segunda história foi um rapaz, quase que diria, ser menor. Também me disse que era o único da família de quatro elementos que podia sair e ir às compras. Tão desenrascado. Também tinha o carrinho lotado, mas não se atrapalhou.  Educado, simpático, conversador, atento.

São pessoas destas que nos fazem sentir úteis. Que bom seria que existissem mais assim!

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Pedimos ao cliente que não atenda o telemóvel desde o início ao fim do tapete

Aqui há uns dias alguém me disse, que com este cenário do vírus, parecia que alguém tinha andado a ler os meus posts e  tinham implementado algumas das minhas ideias, nomeadamente a do espaço entre pessoas, a sinalética no chão. Ao que eu respondi  "nem todas, falta uma, a de proibirem que se atenda e faça chamadas desde o momento em que começam a colocar as compras no tapete, até à conclusão do atendimento!"

Está sempre a acontecer! Um dia destes uma senhora tinha de pagar €26, deu-me os €20, o telemóvel tocou atendeu, eu disse " falta os €6  e ela disse "pode aguardar um momento!?" Ao que eu respondi "Não, isto é para circular, estão pessoas à espera."  Vai ela diz à pessoa da chamada  para esperar, deu-me o dinheiro e entre dentes disse  "com que então não podia esperar"! Ignorei, conclui, despedido-me cordialmente, mas com vontade de...bem não vou dizer!

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Escutem bem o que é dito ao som

Ao longo do dia, quer na rádio do continente, quer ao nosso som, a funcionária que está no balcão, vai pedindo aos clientes para respeitarem a sinalética, o   espaço de dois metros entre pessoas e para serem breves nas compras, para permitirem a entrada de outras pessoas.

Estava uma colega a fazer o dito pedido, enquanto eu atendia uma senhora que estava com a sua mãe, era um momento até de acalmia. Entretanto a senhora mais nova (a filha) diz: "Vá mãe despacha-te, não ouviste!? Vão fechar para almoço e estão a pedir ás pessoas para saírem!"

Percebi logo que as pessoas nem prestem atenção ao que dizemos, elas ouvem o que lhes convém, ou o que acham por bem, o que lhes apetece. É impressionante!

Lá expliquei o que tinha sido dito, e que o continente não fechava para o almoço, como alguns supermercados na zona.

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Obrigada aos clientes

Porque nós, no tempo em que estamos  perante este maldito vírus, também temos de agradecer.

Muito obrigada aos clientes por não levarem as crianças e adolescentes  consigo ás compras. Finalmente, as pessoas compreenderam, que os mais novos, não são muito  afetados pelo covid-19, ou que, mesmo apanhando, os sintomas não se manifestam, mas, elas podem transmitir o vírus às outras pessoas. Por isso, pediram que não deixassem as crianças com os avós!

Obrigada aquelas famílias que já escolhem um membro para ir sozinho ás compras e não vão em grupo, é melhor para vós e para nós.

Obrigada aqueles clientes que têm sempre uma palavra amiga, que perceberam que precisam de nós, tal como nós precisamos dos clientes.

Obrigada aqueles que entendem as regras e respeitam os espaços de segurança!

Bem hajam!

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Os rebeldes

Quem diria que nesta época de pandemia, haveriam de ser os mais velhos, a não aceitarem bem as regras, a desvalorizarem, a dizerem "ah se morrer, morro, já vivi muito!"

Pelo menos pensem nos filhos, nos netos, nos que trabalham e zelam pela sua alimentação, saúde, segurança etc.

Sejam um pouco mais tolerantes, respeitadores. Dêem o exemplo. Não se esqueçam que são a faixa etária onde o vírus incide mais.

Pensem um pouco mais nos outros e deixem de fazer birra!

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P.S.

Não tenho com isto a intenção de generalizar e dizer que são todos assim, são apenas, do meu ponto de vista, a maioria.

Barreiras acrílicas de proteção no balcão e caixas

Hoje quando acordei para ir trabalhar, senti-me  mais pessimista que nos outros dias, talvez por tanto ver e ouvir notícias sobre o assunto. Por vezes o medo também nos assola.  Mas quando cheguei ao meu posto de trabalho e vi que tinham colocado umas barreiras acrílicas de proteção,  o meu pensamento mudou, senti-me mais segura e  com mais energia para superar o dia!

Obrigada ao continente, por ter tomado esta e outras medidas de segurança, tanto para proteger os clientes, como os colaboradores!

Espero que mesmo depois de esta fase passar estas barreiras acrílicas se mantenham, aliás eu já tinha falado nisso aqui num post há uns anitos!

Nesta imagem o  local do pagamento pelo multibanco  não estava no sítio onde agora fica, daí a ilustração.

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Vamos acreditar que tudo vai ficar bem!

Exceções à regra

Tenho aqui partilhado o facto de a maioria dos clientes estarem a aceitar bem as normas de prevenção, tanto para funcionários como clientes.

No entanto, há sempre exceções à regra. Hoje quando vi o cliente seguinte a colar-se ao anterior, pedi que não avançasse ainda e ele responde "não se preocupe que eu não vou pegar nada a ninguém"!

Assim se pode ver que ainda há alguma falta de informação. Tentei explicar, mas logo percebi que não ia resultar. Ainda houve alguém a dizer que com a idade as pessoas tinham mais dificuldade em entender.

Entretanto, um outro cliente, talvez pela mesma idade disse " mas isto não é novidade, já no tempo dos nossos avós, apareceu uma coisa parecida, era a pneumónica, foi em 1918/19 e morreu muita gente, só naquele tempo, não havia informação!"

Porque achei curioso, até memorizei a palavra, para ir pesquisar. Se calhar até dei essa matéria na escola, mas com o tempo, esqueci.

E assim são as nossas conversas na fila do supermercado!

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