Eu não tenho grande pontaria, para verificar se uma pessoa está grávida ou não, se não for mesmo saliente. Na caixa de prioridade antiga, nós tínhamos de chamar as pessoas, e por vezes eu errava. Então eu deixei de chamar, só chamava mesmo quando se notava bem, e não tinha dúvidas.
Acho que já aqui relatei que uma vez chamei uma senhora que estava com a barriga empinada e as mãos à cintura, mas, errei. A senhora ficou ofendida e eu envergonhada. Pedi desculpa, mas fiquei a sentir-me tão mal.
Recentemente , vi uma outra senhora, e fiquei na dúvida se era gravidez. Olhei pelo canto do olho, disfarcei. Pensei "será que é!?" Depois vi-a de frente, e pensei que afinal não era. Quando alguém disse que a pessoa estava grávida, para me desculpar disse que não tinha percebido, e a grávida responde: "então pensava que isto era tudo gordura?"
Ora mais valia eu não ter dito nada!
Às vezes mais vale, esperar que seja o cliente prioritário a pedir/manifestar a prioridade, aliás, é o que está estipulado na lei!
Até porque, mesmo tendo o direito à prioridade, o cliente prioritário, pode não querer usufruir dela, por se sentir bem naquele momento. Por exemplo, uma cliente pode estar com um bebé, mas o bebé estar tranquilo a dormir no carrinho, e a cliente não ver necessidade de estar a "roubar" o lugar a quem já lá está à mais tempo, e merece consideração/respeito!
Por algumas vezes, quando as atendia, julguei que eram mesmo duas velhotas um pouco despassaradas, alheadas!
Tinha de estar sempre a conferir os carrinhos, pois esqueciam-se sempre de alguma coisa. Não me parecia que fosse com intenção!
Mas a situação começou a se repetir tantas vezes, que comecei a ficar mais atenta!
Da ultima vez, uma delas levava um saco térmico tipo lancheira, e quando ela ia a passar eu vi algo vermelho lá dentro, nem percebi se era algum papel ou o que era e perguntei o que era aquela coisa vermelha. ao que a senhora me responde "são uns gelados!" Digo: "então mas tem de os por em cima do tapete para eu os registar"! E ela responde "ah era para não descongelarem"! Também levava peixe congelado, e esse, meteu-o em cima do tapete, por isso julgo que não foi distração, pareceu-me que a intenção era mesmo levar os gelados à borla!
Afinal, parece-me, que nem todas as pessoas com mais idade, são completamente inocentes!
Então vamos a eles, pela ordem, de importância, na minha perspetiva:
Recusar: Recuse o saco de plástico e use um ecológico!
Reduzir: Se ainda não os consegue recusar, use apenas, o indispensável em plástico, use só UM para os produtos do frio, já é um bom começo!
Resguardar: Para que depois de uma utilização não vá logo para o lixo, tenha algum cuidado, para que não se rompa ou estrague. Pode dobrá-lo bem dobradinho, e guardá-lo na mala, ou no caso dos senhores, no bolso das calças, no porta-luvas do carro!
Reutilizar: Já que o está a usar, use-o mais que uma vez! Use-o para outros fins. Por exemplo para levar a fruta que foi apanhar ao pomar.
Reciclar: E no fim de tudo, coloque-o no ecoponto correto, ou troque-o, e deixe que seja o estabelecimento onde o comprou, a fazer a reciclagem !
Umas vezes estou sentada, outras estou de pé, tenho essa liberdade, e por isso vou alternando, consoante o movimento e a minha decisão!
Vai daí, um daqueles clientes brincalhões, tira-me a cadeira sem que eu dê conta! E depois eu ando a tactear sem olhar para trás à procura da cadeira e ele e os outros a rirem-se da minha pessoa!
Não sei se sou eu que ando mais atenta, ou se ultimamente se tem falado muito do ambiente, do plástico, e do impacto ambiental que o mesmo tem sobre o planeta. Por incrível que pareça, é o ecossistema marinho que mais sofre com os plásticos. Como é que vai parar tanto plástico ao mar!? E depois os animais marinhos confundem o plástico com comida, e isso causa-lhes a morte. Tão triste. Mas é assim!
Vi na televisão há poucos dias, uma reportagem, em que um mergulhador encontrou um saco de plástico no local mais profundo do oceano. O tal senhor desceu quase 11 mil metros na Fossa das Marianas, no oceano Pacifico. Certamente seria mais bonito se visse bonitos corais e a vida encantadora marinha.
Estou diariamente num sítio, onde tenho de oferecer sacos aos clientes, e onde, muitas pessoas, já chegam à caixa com produtos dentro dos sacos da fruta, porque esses ainda são gratuitos. Por exemplo, trazem um saco da fruta com um sabonete lá dentro, outro com um pacote de cereais , o que era perfeitamente evitável, já que os sabonetes já vêm revestidos com papel ou plástico, tal como os cereais já vêm numa caixa de cartão! Esses sacos da fruta além de serem para a fruta, servem, por exemplo, par colocar um pacote de farinha ou de açúcar que se rebentou! Felizmente, parece que até esses sacos da fruta serão substituídos. Para mim, já estou à espera de uns da "Maria Reduz"!
Há muito exagero no uso do plástico, em embalagens, em utensílios, em sacos. Felizmente têm surgido algumas medidas, como o exemplo, dos sacos passarem a ser pagos, de existirem ecopontos destinados à reciclagem, de mais programas de televisão sobre o ambiente, de manifestações, de mais informação, de passarem a existir mais locais para as beatas, e multas para quem as deitar na rua, na via pública, no chão, na praia. Até já existe um um Eco-cinzeiro .
Eu estou aqui a escrever sobre o assunto, mas também cometo erros ambientais, mas estou mais consciente, e vou tentando corrigi-los!
Por vezes há clientes que partilham comigo, situações pessoas, vivências, preocupações. Talvez me escolham, porque eu não sou dali, não tenho ali raízes, nem conheço o passado ou as histórias das pessoas e dos seus amigos e familiares. Andei durante anos a desejar ser professora primária, e deveria era ter desejado ser psicóloga ou socióloga, já que uma está relacionada com o meio onde vive e convive e a outra se refere a cada individuo na sua singularidade.
Histórias de maridos que controlam as contas das esposas, historias de separações conflituosas, de doenças, situações tristes, de solidão, de perdas dramáticas...
Um dia destes, estava pouco movimento e a cliente ficou lá um bom bocado a conversar, só pensei "esta vida dava um livro"!
Nós operadoras de caixa, acabamos por ser um pouco psicólogas, mas por vezes, perante a gravidade da situação que me contam, sinto que me falta aquela palavra certa para dar à pessoa, quem diz palavra diz conselho, mas pelo menos, julgo que sou boa ouvinte, e que consigo transmitir algum conforto.
Por vezes quem vê caras, não vê corações, é um cliché, mas adequa-se, porque só conhecendo a história de vida da pessoa conseguimos entender melhor as suas atitudes!
Daí que quando alguém tem uma atitude menos comum, já penso que alguma razão ela terá, para agir assim...
O Dia Internacional Sem Sacos de Plástico, apela à mudança de comportamento de todas as pessoas do mundo relativamente ao uso dos sacos de plásticos. O objetivo desta data é chamar atenção para o uso e produção abusiva dos sacos de plástico a nível mundial.
Os sacos de plástico são constituídos por resinas tóxicas oriundas do petróleo e levam cerca de 500 anos a decompor-se.
Grande parte desses sacos acabam no mar, e como os animais marinhos confundem o plástico com alimentos, eles acabam por morrer pela ingestão de plástico.
Como devem imaginar, no meu trabalho como operadora de caixa, tenho de oferecer sacos aos clientes, e muitas vezes fico triste com a quantidade de sacos plástico que as pessoas adquirem, para dali a nada, irem para ao lixo.
Cada um de nós deve fazer um esforço para preservar o meio-ambiente, levando sempre os mesmos sacos de plástico para as compras, reciclando-os posteriormente, ou, melhor ainda, utilizar sacos de outro material, disponível no supermercado, como por exemplo, papel, pano, serapilheira ou ráfia.