Além de ser sábado, também era fim de mês, talvez por isso, o supermercado estava cheio de gente, as caixas todas abertas, filas enormes.
Uma cliente com o carrinho cheio encostado ao início do tapete está na fila ao telemóvel, e não coloca as compras no tapete. O tapete quase vazio, pessoas atrás desta senhora para atender, não avançam. Então ela vê um rapaz com poucos artigos, e diz para que ele passe, já que tem poucas coisas, e porque estava à espera de alguém. No entanto, já estou quase a acabar o atendimento ao rapaz e a senhora a GUARDAR o lugar na fila. Chamo, a pessoa que tem o carrinho cheio para passar, e a dita senhora olha-me com espanto! Atendo esta senhora e a mulher continua no mesmo lugar. Esta senhora, teve sorte em não apanhar daqueles clientes que perante esta situação, a iam mandar sair dali. A minha vontade também era essa!
Aquilo estava a enervar-me tanto, que a minha colega da caixa atrás da minha , pergunta-me se está tudo bem, mas eu não podia dizer o que se estava a passar.
Em voz bem alta, digo, "façam favor de passar". A cliente que coloca as compras diz que aquela senhora está a guardar o lugar, ao que eu respondo em voz alta "era só o que faltava, ficar aqui parada com pessoas na fila"! Cheguei a atender aí uns (6) seis clientes com carrinhos cheios, enquanto aquela senhora ali estava, colada ao tapete. As pessoas tinham de a contornar para chegar ao tapete. Mas porque foi ela para fila, se tinha de esperar pelo marido, para avançar!? Cada vez entendo menos estas atitudes egoístas, esta falta de civismo. Quem é e ela pensa que é, para estar ali a impedir as outras pessoas, de serem atendidas!?
Lá chega o marido, começo a atender, no final, tinha um artigo da campanha da caderneta, e entrega-me a caderneta com 4 selos colados e os outros 21 ao monte. Eu digo "nós só aceitamos a caderneta com os selos colados!" Então ela manda o marido colar os selos , ao que ele responde "que seca, eu é que tenho de colar estes selos todos"! A senhora faz o pagamento e eu atendo mais um carrinho cheio, enquanto colam os selos. Depois volto a eles para fazer o registo do produto com a caderneta!
É preciso muita paciência, paciência infinita, mesmo!
A propósito do blogue e até dos livros, perguntaram-me se antes de escrever em blogues, ou seja, se antes de blogar já tinha a mania de escrever. Se cheguei a ter algum diário!?
Sim, tinha cadernos, tipo temáticos. Cada caderno um tema, ou um período da vida. Não era propriamente um diário com cadeado. Sempre gostei de escrever, como forma de descomprimir. Talvez porque não havia quem tivesse paciência de ouvir!
Eu sou muito grata, aquelas pessoas, aqueles clientes, que quando estão na fila, conseguem animar os outros e até a operadora de caixa. Fazem quebrar a monotonia e arrancam-nos sorrisos e gargalhadas. Esses são muitos especiais.
Lá estava aquele cliente que me trata por a romancista, ainda por conta de ter escrito dois livros, há uns anitos. Estava a ser atendido e disse apontado para outra cliente da fila, conhecida dele: "olhe que aquela senhora esteve a roubar amendoins, leva os bolsos cheios, mas as cascas atirou-as pro chão, para não ocupar espaço!"
Acreditem que uma intervenção destas entre os "pips" da caixa registadora, e as repetidas perguntas da praxe, ajuda a passar e a alegrar os nossos dias!
Ainda uma cliente não tinha feito o pagamento, já o cliente seguinte, tinha estacionado o seu saco à minha frente. A senhora fica admirada, mas não diz nada. então eu digo "olhe pode dar licença que termine de atender esta senhora, ela tem de usar essa maquineta para colocar o multibanco!" Ao que o senhor responde, continuando encostado á dita maquineta : "Faça favor e não tenha medo que eu não sou da policia judiciária!" Volto a intervir dizendo: " Mas a senhora precisa de privacidade, pois tem de marcar o código!" Lá se afastou uns centímetros!
Isto faz-me nervos, nos bancos as pessoas respeitam o espaço do outro, porque que é no supermercado não respeitam!? É preciso uma sinalética no chão para que o cliente seguinte, deixe o cliente que está a ser atendido, tenha o direito de pagar e arrumar os produtos, sem a observação dos outros!?
Falta informação porque até pode haver pessoas que o façam por ingenuidade, mas a maioria é mesmo por falta de civismo!
O facto de na década de 90 ter vivido uma temporada num pais onde nos supermercados, não existiam sacos de plástico, nem de oferta nem para venda, por questões ambientais, tornou-se uma pessoa mais douta nesta matéria. Mesmo antes dos sacos serem pagos, eu já não os usava muito, pois já tinha sempre dentro da minha mala um saco ecológico! E não era só o facto de não existirem sacos de plástico, havia toda uma preocupação em manter o país limpo, não havia quem deitasse lixo ao chão, um país tão limpo e organizado, que dava gosto percorrer aquelas ruas e respirar aquele ar puro!
Talvez por ter tido esta oportunidade, me tenha tornado mais consciente. Foi como ter tirado um curso intensivo em ambiente. Talvez por isso, como operadora de caixa de supermercado, fique um pouco chocada em ver como as pessoas consomem sacos de plástico. Creio que mesmo que o preço subisse para UM euro, as pessoas iam continuar, porque falta informação. As pessoas não percebem que muitos destes sacos de plástico vão acabar por ir parar ao mar, e que daqui a uns tempos o peixe vai deixar de existir. As gerações que vierem, vão dizer "mas eles sabiam que isto podia acontecer, e mesmo assim, não fizeram nada para impedir!"
Não são só os sacos de plástico do supermercado que precisamos reduzir, são também muitas das embalagens dos produtos, há produtos que vem embalados em sacos por fora e depois individualmente em saquinhos por dentro. É um exagero de plástico. São os descartáveis. Pelo menos que tenhamos a consciência de depois de usados os colocar nos ecopontos corretos!
Deixo a minha resposta à RFM, bem como alguns slides para reflexão!