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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

O telemóvel está primeiro

Lá vem mais uma senhora a falar ao telemóvel, enquanto coloca as compras no tapete. Perante a situação vou embalando as compras. Digo o total e a senhora com a mão direita aberta faz-me sinal para eu esperar. Há pessoas na fila a torcer o nariz, há uma operadora de caixa parada à espera que a  cliente pague, e há uma cliente a falar  de banalidades ao telemóvel. Sento-me na minha cadeira e digo : " isto só a mim"! A senhora começa a procurar a carteira na mala diz à pessoa que está do outro lado: "espera aí, não desligues!" Paga, volta a pegar no telemóvel, volta à mesma conversa e saí sem me dirigir a palavra!

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Se encontrar uma coisa caída no chão, o que faz? Apanha-a ou deixa-a ficar?

Não imaginam as análises que uma operadora de caixa pode fazer no seu dia a dia. Podemos analisar se o cliente é guloso, se está de dieta, se prefere saladas, se gosta de ler, se tem animais de estimação e se os trata bem, se gosta dos mexericos das revistas cor-de-rosa, se vai haver um churrasco ou uma festa de aniversário, se é daqueles que está atento a cupões e a promoções. Enfim, uma série de coisas, isto se estivermos atentas e se nos predispusermos a isso, o que nem sempre acontece...a maior parte das vezes nem dou conta!

No entanto há uns dias, fiz uma uma determinada análise. Caiu para o chão, um artigo daqueles que estão nos expositores, situados junto às caixas. O obstáculo estava lá no chão, não custava nada alguém o apanhar e colocar no sitio ou entregar à operadora para ela o arrumar. O artigo estava mesmo na passagem. Uma senhora passou e contornou o artigo, outra senhora galgou o artigo, outra passou com o carrinho por cima com cuidado de modo a não estragar o artigo, mas também não lhe tocou. Eu a ver aquilo e a pensar "já passaram 3 ou 4 pessoas e ninguém apanhou o artigo, será que o devo ir apanhar, ou esperar mais um bocadinho a ver se alguém o faz"! Logo a seguir uma senhora com um certo sotaque, apanhou-o e colocou no sítio.

A minha conclusão é que devia de ser uma emigrante que, suponho eu, a viver em França, e possivelmente lá as pessoas são atentas e prestam-se a agir desta forma, nestas situações.  

A Xica esperta!

Quando os clientes se esquecem dos cupões em casa, o que acontece diversas vezes, há algumas formas de os recuperar, entre elas, pedir uma segunda via no balcão de informação (a máquina que existe em alguns continentes onde o próprio cliente vai lá tirar uma segunda via, ainda não existe no "meu" Continente). Se pelo menos os clientes dessem logo conta que não tinham o cupão e fossem logo á entrada ao balcão de informação, mas o habitual é darem conta da falta do cupão no momento do registo, o que atrapalha o andamento da fila, ir para o balcão pedir a dita segunda via. Por isso,  há outra, mais prática e rápida, onde a operadora  pode passar o cupão de outro cliente, não é lá muito correto e nem sempre funciona, mas é uma hipótese. Quando faço isto, aviso logo o cliente, que o cupão que tem em casa fica automaticamente inutilizado!

 

Mas houve alguém, uma cliente, que fez com que eu decidisse nunca mais o fazer.  Esta cliente, depois de eu lhe ter passado um cupão de outro cliente numa compra, voltou lá com o seu próprio cupão, dizendo que nunca o tinha usado. Só que ela não devia de saber que através do cartão continente, dá saber, quando ela o usou, onde, e até qual a operadora que a tendeu! E dizia a senhora que era mentira, que nem tinha lá ido naquele dia... depois lá disse " ela (a operadora) não passou o meu, passou um qualquer que lá tinha!" ou seja, ainda me estava a culpar, pela gentileza que tive com ela. Mas, depois de confrontada, lá teve de aceitar...

 

E agora eu já não passo cupões de uns clientes em outros. Quanto muito, ligo para o balcão e peço o código, demora mais um bocadinho, mas assim, não há confusões! 

A repetição da Páscoa

Parece espantoso, mas todos os anos surgem as mesmas conversas nesta quadra. " Estão abertos no domingo de Páscoa!?" ; " Coitadinhos de vós"! " A que horas fecham no  domingo de Páscoa"? "Mas é dia santo, deviam de estar fechados"!

Depois de tantos anos a trabalhar quer na sexta-feira santa, quer no domingo de Páscoa, quando me fazem perguntas ou observações, mostro-me conformada. No entanto, hoje um senhor perante o meu conformismo, diz-me que o mal dos portugueses é se acomodarem às situações. Mas que queria ele que eu fizesse!? Um revolução!? Se calhar ele próprio vai lá às compras no domingo...afinal o supermercado está aberto por causa dos clientes ou para castigar os funcionários!?

Privacidade a marcar o código no pagamento com multibanco

Não quero ser chata e repetitiva, mas há uma cena que me deixa mesmo indignada. Refiro-me ao facto de na fila o cliente que está a seguir não deixar o cliente que está a ser atendido marcar o código do multibanco com a devida privacidade. Nos bancos, por exemplo, existe uma linha amarela no chão ou mesmo uma fita a marcar o espaço...podia existir algo do género. Já estive nos dois lados, ou seja, como espectadora (caixa) e como cliente...e é uma situação lamentável!

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