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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Que tal encontrar um ex-casal a fazer compras no supermercado juntos!?

Estou a atender um jovem casal muito simpático, bem disposto e alegre. Traziam dois carrinhos, o homem passou primeiro com um dos carrinhos.  Pediram se fazia "um subtotal" na conta, e como isso já não é possível fiz um talão parcial onde coloquei o total por escrito. Entreguei ao homem e ele disse para a mulher: "toma lá ó amorzinho"! De seguida disse-lhe, qualquer coisa do género: "Posso me ir embora? Desenrascaste?" Acabou por ficar a ajudar a embalar. Depois, já não sei bem em que contexto ele  diz-lhe: "quando éramos casados..."  E mais tarde diz: "agora que somos divorciados" e riam e pareciam divertidos. Às tantas eu digo: "vocês estão a brincar, não é?" E eles respondem ao mesmo tempo : "não!" E eu pergunto: "mas são mesmo um ex-casal?!" Ao que o homem responde: "...e você deve de estar mais habituada, a ver-me aqui, com a minha actual esposa"! Acabei por me rir com eles. Entretanto ele ficou ali um bocado a ajudá-la a embalar as compras e depois despediu-se e foi embora. Eu disse à mulher que era uma situação tão rara que tinha ficado impressionada, e ela disse-me: "pelos filhos damo-nos bem, apenas não nos entendiamos como casal, mas ficamos amigos"!

 

Pelo que entendi,   ela pagou tudo e depois iam fazer contas, dai ter ficado com um talão parcial. Parece cena de filme, porque na vida real os ex-casais não se dão assim tão bem, mesmo aqueles que fazem por ter um relação civilizada por causa dos filhos! Gostei de ter assistido a um episódio deste filme!

 

A mania das pressas

Na fila estou quase a acabar de atender uma cliente e está um senhor com um carrinho cheio de compras a colocar as mesmas no tapete, vem um outro senhor só com um jornal e pede para passar. É-lhe cedida a passagem. Chega uma jovem com três coisas na mão e pede também passagem. E o mesmo cliente volta a ceder passagem. O senhor do jornal, que vê a dita jovem a querer passar-lhe à frente, diz: " mas eu ainda estou primeiro que o senhor também me deu a vez"! Responde a jovem: " mas   podia era  dar-me agora a vez que assim eu despachava-me já"! Ao que este senhor responde: " Mas eu tenho só uma coisa, você tem três, e além disso eu cheguei primeiro"!

 

E assim foi,  atendi o Sr. do jornal, depois a dita jovem e finalmente o senhor que cedeu estes dois lugares. Esta jovem, tinha tanta pressa em passar todos os lugares, que depois vi-a andar por lá a passear pela montra da worten.

 

É que por vezes nem é que estejam atrasados para algum compromisso, a sensação que me dá, é que apenas não querem estar à espera! Haja paciência!

 

Os clientes familiares

 

Ao fim de cerca de oito anos a trabalhar na mesma empresa, na mesma localidade, vou fixando algumas caras, algumas manias, algumas características de alguns clientes. Aqueles clientes fixos. Por exemplo:

- O desenho animado - este senhor já bem velhote vai semanal ou quinzenalmente com a esposa. Está sempre a reclamar e tem uma voz que parece de desenho animado. Só me apetece desatar a rir quando o ouço!

- O cliente que não é cliente - tem uma aparência engraçada, pois é careca, mas tapa a careca com o cabelo dos lados. Sempre que pergunto pelo cartão de cliente, ele responde, com um ar sério, que não é cliente. Mas vai lá imensas vezes.

- o Sr. fala barato/ou o sr. Boa disposição - fala pelos cotovelos em voz alta, é uma animação aquele senhor, sempre com boas piadas!

- a chatinha de serviço - esta senhora é tão chatinha, que quando a vejo entrar, começo a rezar para que não vá à minha caixa. Faz mil perguntas, só quer é descontos e promoções, do tipo passo um artigo tenho de parar para ver a validade, o preço, se tem desconto, depois se não lhe convier desiste deste, e passamos ao segundo e a história repete-se. Haja pachorra!

- o Sr. das sextas-feiras (o homem da rádio) - Gosta de fazer as compras à sexta-feira. É um senhor muito culto e simpático. Costumamos falar...imaginem de política, isto porque este senhor, tal como a maioria das pessoas (eu incluída) está indignado com a actual situação do país.

- o Sr. do jornal "o público" (Black Tie) - Compra sempre este jornal, é muito simpático e calmo,  é um cliente diário.

- o casal amável - Um casal de velhotes muito bem aperaltados, culto, simpático. Gosto imenso da maneira como eles me tratam. O senhor quando chega á caixa diz: "desculpe, vir mais uma vez dar-lhe trabalho". É tão educado, e está sempre a pedir desculpa, que até me faz rir.

- o senhor provérbios - antes ia muito à minha caixa, agora tem outra preferida, mas de vez em quando lá vai e é sempre muito amável. Continua a ir às compras de bicicleta, e por isso tem uma forma especial (que nem todas sabem) de levar as compras embaladas!

- a mãe - tem filhotes da mesma idade que o meu filho e costumamos falar...dos nossos filhos!

- O Mr. Bigodes - Está sempre a falar do meu livro, a chamar-se escritora, agora trata-me por Agatha Christie. Sempre bem disposto.

- a velha e simpática senhora do vinho - isto porque leva sempre vinho, mas faz sempre questão de dizer que não é para ela ( vá-se lá saber porquê).

- outro casal simpático - a senhora trata-nos sempre tão bem e é amorosa.

- uma senhora já velhota, compra muitas vezes uvas. Outra querida!

- o senhor do palito na boca - anda sempre com um palito na boca e faz questão de mostrar.

- a franjinhas - entra muda e sai calada, mas sempre correta!

Pagar conta com moedinhas pequeninas

O total da conta era de cerca de 3/4€, e se não fossem os cabelos brancos e a idade da cliente, que pagou só com moedas pretas e essencialmente de dois e um cêntimos, eu diria que aquilo era uma cena para os apanhados! Fez-me lembrar um vídeo relativamente a um supermercado da concorrência que andou a circular. Isto porque a senhora trazia as moedas num saquito de plástico e tinha tantas. Ainda me enganei na contagem e o pessoal da fila não estava a gostar nada da espera!

Realmente não é fácil contar moedinhas pequeninas!

Autocolantes na fruta

 

De certo que já muitos de vós reparam que no continente algumas frutas têm um autocolante. Esse autocolante é muito importante, pois tem o código de balança. Quer isto dizer, que nos continentes onde a fruta é pesada na caixa nós precisamos destes autocolantes. Por exemplo as maçãs, há tanta variedade, e são todas tão parecidas, que nem sempre é fácil identificar, por isso estes autocolantes são uma grande ajuda. Só que por vezes, os autocolantes caem, ou mesmo os clientes não sabendo da sua importância, tiram-nos. Pelo menos uma cliente já me disse que os retirava!

 

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