Estou a registar as compras a um casal de média idade. Reparo que a senhora tem um dedo entrapado, mas mesmo assim, ia arrumando as compras. O marido, que numa mão segurava a carteira e na outra o cartão do continente, diz-me : " não se importa de ajudar a pôr nos sacos que a minha mulher tem o dedo aleijado"! Ajudei, mas tive vontade de perguntar se ele também estava aleijado!
Aqueles cupões que estão a vigorar nestes dias, aqueles dirigidos apenas a artigos específicos, e não os dos 10% ou 5€ no total das compras, estão a dar as habituais confusões!
Primeiro a maioria dos clientes, não os lê nem analisa, antes de fazerem as compras. E depois é no momento de pagar que perguntam :" estes papelinhos que tenho aqui dão para alguma coisa?" E eu digo: " leva os artigos que aí estão?" E o cliente responde, "não sei, não vi!" E depois eu é que tenho de saber se o cliente leva alguma coisa ou não; tenho de os destacar (separar, recortar) e ver um a um se faz o desconto!
Segundo, não reparam que há lá umas datas, e estranham aquilo não dar para descontar quando lhes apetecer;
Depois ainda há aqueles clientes ou que não lêem tudo ou que interpretam o que lá está escrito à sua maneira ou da maneira que mais lhes convêm. Por exemplo, uma cliente deu-me uns cupões, e o sistema não fazia os descontos. Perguntei: "mas leva tudo que aqui está?" A cliente confirmou que sim! Então eu li um cupão que dizia desconto em detergente para a máquina de lavar roupa da marca Ariele, perguntei se confirmava. A cliente responde: " Ah o detergente não é para a roupa é pró chão e é do continente, mas é detergente"! Lá tive de respirar fundo e dizer com o sorriso sonae que tinha de ser o que lá estava escrito. Esta cliente não era uma velhota, muito pelo contrario! A mesma cliente tinha um cupão que dizia que o desconto era em todos os gelados, mas o que ela tinha eram congelados, mas achou que era a mesma coisa!
O aborrecido destas coisas, é o tempo que se perde, principalmente para os clientes. É que por vezes bastava um pouco de cuidado por parte das pessoas. Tentem organizar melhor a ida às compras...
Pode parecer que num supermercado, não se passa nada, e que é um tédio! Mas passa-se, e por vezes, o que se passa torra-nos a paciência!
Estou a atender um senhor que colocava os artigos no tapete, ao mesmo tempo que falava ao telemóvel, e gesticulava. Apesar de agora, o procedimento é serem os clientes a embalar, tive de ser eu a fazê-lo, por achar, que se não o fizesse a demora poderia ainda ser maior. Eu já tinha registado tudo o que estava no tapete e o cliente estava à minha frente, parado, e continuava a falar ao telemóvel. Eu perguntei se tinha cartão cliente, e ele com a cabeça dizia (que agora também tenho de conhecer linguagem gestual) "o quê?" Repeti a pergunta e ele respondeu que não! Eu disse o total e ele respondeu: " Espere aí, que aquele carrinho ali (apontando para outro carrinho que estava ali ao lado) também é meu!" Eu já estava a desesperar, porque, já estava uma outra senhora ali entre o carrinho já registado e o que estava para registar. A cliente ao perceber mudou de caixa. Começou a colocar os artigos do segundo carrinho, e continuava ao telemóvel. Desta vez eu ia registando e atirando as coisas para o tapete sem as embalar. Quando o monte já estava de bom tamanho, lá disse á pessoa com quem falava " eu já te ligo"! E começou a mexer-se!
Mas será que as pessoas andam tão ocupadas no seu mundo que não são capazes de parar para verem as figuras que fazem! Haja paciência!
Apesar de já estar habituada à linguagem brasileira, quer por ver novelas, quer por haver muitos brasileiros em Portugal, por vezes ainda me surpreendo!
Hoje um jovem rapaz fez uma despesa de 10,09€, e ele deu-me 15€, então eu perguntei se ele não tinha nenhuma moeda, ao que ele me respondeu, assim daquela forma engraçada de falar :" Ah não me mata, que eu não tenho, não!"
Respondendo á pergunta do "inspira-me" do sapo blogs:
No supermercado onde trabalho já falei e atendi algumas pessoas famosas! Mas queria falar do Júlio Isidro. E porquê? Porque eu não o estava a reconhecer, ele estava de fato de treino e estava acompanhado, suponho eu, da esposa e de duas filhas, ainda meninas! Só o reconheci pela voz quando ele falou com a esposa. Ele colocava as compras no tapete e o resto da família embalava. Comigo praticamente só trocou os cumprimentos normais e habituais, mas foi giro vê-lo naquele registo tão descontraído e informal!
Em relação ao assunto do livro, de haver outra autora com o mesmo nome que eu, na Bertrand o assunto foi rectificado, depois de eu enviar um email, obrigado Bertrand!