Uma cliente (daquelas que não é frequente ver ali) com a sua filha aí de uns três anos de idade, pede-me para olhar pela menina enquanto vai buscar um artigo que se esqueceu. E deixou a menina sentada num carrinho daqueles azuis que não têm o compartimento para sentar as crianças! Como é próprio da idade, a menina não estava sossegada e precisava de cuidados para não cair. Tive de parar o registo e assegurar-me que a menina não ia cair. A mãe que fora buscar um artigo, acabou por trazer mais artigos e demorar-se um pouco mais. Talvez por ser bastante nova, fez tudo descontraída, ou então sou eu que estranhei porque sou mãe galinha!
Sempre que algum artigo está limitado a um número por clientes, há confusão! É uma tendência que as pessoas têm! "Se está um papel a dizer que é só 3 por cliente, deixa cá tentar levar 6!"
Esta limitação surge porque o artigo está em falta ou porque é uma promoção e esta limitação é para que mais pessoas possam usufruir dela. Mas parece que este factor chama mais pelas pessoas. Os clientes podiam apenas aceitar, mas não a tendência é querer quebrar as regras!
Hoje um cliente habitual fez-me uma cena que me deixou bastante desiludida: aproveitou-se da nossa convivência para me pedir se eu podia dar um jeitinho. Quem é operadora de caixa na sonae, sabe que o próprio sistema, não deixa avançar. Mas eu fiz-me de tonta e fingi não perceber o que o cliente queria.
Eu não me sinto nada bem em pedir às pessoas para deixarem lá os artigos porque ultrapassa o limite. Eu não gosto de ser a má da fita, mas quando há regras, eu gosto de as cumprir. Faz parte do meu trabalho!
Porque será que é sempre a seguir ao dia em que as promoções acabam, que as pessoas se lembram delas? E depois perguntam:" dizia que era só até dia 13, hoje já não pode ser?"
Só na minha caixa fizeram-me a pergunta umas três vezes ( uma delas em relação à feira do bebé - que também acabou ontem), mas quando passava pela peixaria vi um cliente a perguntar à colega se ainda podia usar o cupão do desconto do bacalhau!
Estão a imaginar um homem de porte ( estatura muito forte) parado à minha frente de braços cruzados, pernas afastadas e olhar sério? Isto enquanto eu registava os artigos a uma cliente e a ajudava a arrumar os artigos. Eu olhei algumas vezes para ele porque a sua presença ali estática me estava a stressar! Como estavam mais pessoas na fila pensei que fosse o cliente a seguir.
Entretanto digo o total à cliente que estava a atender, ela paga, e mesmo antes de ela tirar os imensos sacos que tinha no tapete, o homem rude vai-se embora. Só percebi que este homem deveria ser o marido desta mulher quando ela disse, muito timidamente: "olha foi embora, e agora deixa cá ver se consigo levar estes sacos todos!"
Coitada da senhora, o homem só esteve ali para controlar ( nem foi ele a pagar), não sei bem o quê...e depois foi-se embora e nem ajudou a levar as compras! Quando a senhora carregada de sacos, saiu, as pessoas da fila mostravam-se indignadas e houve um senhor que até lhe chamou um nome, mas que de momento não me recordo.
Pessoas assim, metem medo!
* lembro-me de ouvir certa vez alguém dizer:" não estejas aí especado, pareces um dois de paus!" - pareceu-me indicado para este individuo!
Uma cliente levava um artigo, porque tinha um cupão que lhe permitia ter 50% de desconto. Como o sistema não fez o desconto concluímos que o artigo não era exactamente aquele, havia lá um pequeno "excepto" que fazia toda a diferença ( por isso eu peço para lerem bem os cupões). Chamei um apoio e o meu colega foi com a cliente ao local trocar o artigo por aquele que tinha o desconto.
Eu podia ter posto a conta em espera, mas a cliente que estava a seguir tinha um carrinho cheio e bem cheio. Se eu colocasse a conta em espera depois a cliente do tal artigo ia ter muito que esperar. Então aguardei... Espreitei e vi que a cliente já vinha a caminho. A fila estava parada, e como é habito, havia clientes já impacientes. Entretanto deixo de ver a cliente, e pensei " mas ela já aí vinha..."! Estava acochada numa prateleira a escolher uma revista, mas, nas calmas, como se estivesse no direito de fazer os outros esperar!
Eu não disse nada, mas um dos clientes que estava na fila protestou, e ainda bem que o fez porque eu muitas vezes tenho vontade de dizer coisas, mas não posso!
Desde o inicio deste ano que o Modelo/Continente e o Pingo Doce parecem andar ao despique na TV. Primeiro o Pingo Doce faz aquela música sobre o 0% do IVA, de seguida o Continente faz a outra, em que "a cliente ( atriz)" comenta a música engraçada , mas diz que prefere ter mais dinheiro no bolso ao fim do mês e realça o lado positivo dos cupões dos 10%. De seguida o Pingo Doce volta e fala sobre o lado negativo dos descontos, das promoções e dos cartões e chega mesmo a dizer que as promoções só servem para baixar aquilo que está caro.
Enfim, vamos esperar pelas cenas dos próximos episódios!
Já é um clássico do Modelo o episódio dos cupões. Há pouco, uma cliente deu-me um cupão com 5% de desconto. Observei o cupão e comparei-o com o numero do cartão e não correspondia. Perguntei se era uma segunda via. Disse que não. Então eu perguntei se aquele cupão pertencia aquele cartão. E a resposta foi assim:
-Não! É da minha vizinha, mas ela deu-mo e vocês não têm nada a ver com isso, se ela mo deu é meu!
Eu até achei graça e esbocei um sorriso. Quando tentei explicar o funcionamento das coisas, vi que não valia a pena. Ainda pensei que a cliente lá ia deixar as coisas, mas levo-as na mesma e foi a barafustar. A dizer que andam uns a enganar os outros e que são todos iguais.
Enfim...
A cliente que estava a seguir até estava de queixo caído. E perguntou se eu estava bem se não estava enervada, e eu com toda a calma, respondi: "eu já nem ligo!"
Não quero ser repetitiva, mas tenho de voltar a dizer que por vezes o recheio do seu carrinho de compras diz muito de si.
Vai lá um casal já de alguma idade que adora os seus animais. Como é que eu sei disso? Vejo nos artigos que compram para os seus gatinhos e cães. Levam coisas que são verdadeiros mimos! Havia uma caixa de biscoitos transparentes, que tinham tão bom aspecto que dava vontade de os experimentar! Por momentos fiquei a olhar para aquela caixa e a senhora disse: " as minhas meninas ( cadelas) são doidas por esses biscoitos!" Este casal gastou cerca de duzentos euros em compras e cerca de metade foi para comida e mimos para os animais. São pessoas do meio rural e têm a bondade estampada nos rostos! Tenho a certeza que os seus animais são muito felizes!