Pois hoje foi daqueles dias em que tudo me correu bem. Achei que os clientes estavam todos simpáticos e atenciosos comigo. Quando perguntavam se amanhã o supermercado estava aberto e eu dizia que NÃO, eles respondiam" acho muito bem!" Quando no fim do turno, tomei o lugar de cliente e fui fazer umas compritas, na fila encontrei um cliente que é muito brincalhão e em jeito de paródia dizia " acho mal isto fechar amanhã, aliás eu sou a favor dos supermercados estarem abertos 24h por dia", ainda houve quem olhasse desconfiado, mas logo perceberam que era tudo na brincadeira...
Como prometi aqui está a entrevista, espero que consigam aceder por este meio. De momento foi só assim que consegui colocar. Se mais tarde conseguir de outra forma logo farei a alteração.
Agradeço à Rádio Clube e à Jornalista Débora Henriques por este momento. Obrigada!
Já atendi na minha caixa, pessoas conhecidas da televisão. Queria falar de uma pessoa que atendi há uns tempos. É um conhecido e muito conceituado apresentador de televisão. Só o reconheci por que uma colega me chamou atenção! A forma como ele se apresenta na TV e a maneira como o vi no supermercado não tem nada a ver! Na TV ele veste-se de forma muito formal e dá aparência muito intelectual. No supermercado ele estava de fato de treino. Falou pouco comigo, apenas a saudação habitual. Ele também fala alto, pois ouvi-o a chamar alguém que estava com ele e se tinha afastado...
Já tenho visto neste supermercado mais caras conhecidas, mas este Sr. chamou-me atenção pelo facto de estar tão diferente do que é habitual vermos na Tv. Afinal, como já disse de outras vezes, o supermercado/hipermercadoé um ponto de encontro de pessoas diferentes que ali são iguais!
Como diz o título deste post, clientes do costume, porque mesmo sem saber nomes já conheço algumas características destas pessoas:
Ø O Sr. Doutor, chame-o assim porque ele faz-se sempre importante e esta palavra é utilizado por ironia. Este senhor pede-me favores a mais. Da última vez que o atendi ele levava quatro embalagens de morangos de 500g e pediu para colocar um em cada saco. Pedido esquisito!
Ø A cliente esquecida, porque quando coloca os artigos no tapete volta sempre atrás buscar algo que se esqueceu e já por diversas vezes pára a fila;
Ø Os clientes que adoram coleccionar sacos. Pedem-nos, escondem-nos e depois pedem mais. É preciso muita lata!
Ø O senhor dos provérbios, muito simpático, espera sempre porque gosta que seja eu a atende-lo porque acha que eu tenho muita paciência com ele. Este senhor é um velhote encantador...
Ø O Sr. Assobio. Este senhor está sempre a assobiar. Talvez um dia lhe diga para pausar enquanto eu o atendo, porque a melodia atrofia-me o cérebro!
Ø O Sr. preconceituoso. Já se recusou a ir á caixa de um colega, porque este usa um brinco. Já falou mal do Sócrates por este aprovar casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Ø A amiga de uma ex-colega. Conheci esta cliente por ser amiga de uma colega que lá trabalhava e agora conversamos muito porque temos filhos da mesma idade e então trocamos confidências sobre as peripécias dos miúdos. " O meu já faz isto" e " o meu já fez aquilo". Relatos de mães!
Ø A senhora grisalha que ora vai com o filho, ora vai com a filha. Já tem certa idade, muito querida. Por vezes conversamos e ela é divertida.
Ø Um casal muito simpático, ele um senhor comum, ela muito chique. ele diz sempre" olhe desculpe de mais uma vez, lhe vir dar trabalho". Como se não fosse esse o meu trabalho.
Ø A madame e a empregada. Esta cliente chega á caixa e fica a descansar e espera que a empregada coloque os produtos. É uma senhora muito simpática...
Ø O senhor dente d'ouro que nos trata por nomes de flores.
Ø O fala-barato ou "o senhor boa disposição". Este senhor está sempre bem-disposto, cumprimenta-me sempre com um aperto de mão. Diz que conheceu pessoalmente o "tio Belmiro" e o filho Paulo. Por vezes as coisas que ele me diz nem sei se está a brincar ou a falar a sério...
Muitos mais existem, faria um testamento se falasse de todos. Cada um com as suas manias, todos vão às compras ao mesmo local.
Mesmo não tendo feito uma sondagem, posso afirmar que já há mais clientes a levarem sacos de casa quando vão às compras. Sacos ecológicos, uns mais resistentes que outros. Há poucos dias assisti, a título destes sacos a uma situação, menos agradável. Passo a contar: depois de a cliente arrumar os seus artigos em sacos ecológicos trazidos de casa, as clientes que estavam a seguir gozavam (falavam baixinho, mas eu já as estava a perceber) e faziam troça desta cliente.
Tive tanta vontade de intervir, e de lhe mostrar que aquela cliente ao levar os sacos é que estava a ter uma atitude correcta...mas elas de certo que não estavam preparadas para uma teoria ecológica. Mesmo assim, a pouco e pouco vai aparecendo alguém com sacos ecológicos. Pela minha experiência, noto dois tipos de clientes a seguirem esta escolha, são os emigrantes (no país onde trabalharam já havia este hábito) e a "classe" de jovens recém-formados (universidade ou não), pois certamente as questões ambientais faziam parte do seu estudo...
Espero que destes dois resultem os amigos e conhecidos, os familiares, os simpatizantes…
Um dia destes tinha um email de uma jornalista a pedir uma entrevista para a rádio. A causa da entrevista foi o tema do blog e o facto de lidar com o público. Inicialmente fiquei com um certo receio, pois não queria referir a localidade onde trabalho, mas depois de acordar que não faria alusão ao facto, marcamos então a entrevista. Confesso que estava muito nervosa, pois eu sei que consigo me exprimir muito melhor através da escrito do que através do diálogo.
A entrevista já está gravada, espero que os nervos não passem pelas ondas da rádio. Queria salientar o facto de ter simpatizado com a jornalista logo á primeira vista, o que foi uma grande ajuda. Se tudo correr como espero, mais tarde colocarei aqui no blog a "peça"!
Como já referi algumas vezes, nós as operadoras de caixa Sonae somos bem formadas. Temos formação com alguma frequência. O tema kaizen tem vindo a trazer muitas alterações e melhorias positivas para a empresa. Relembro que Kaizen significa mudar para melhor, utilizando metodologias do senso comum, de baixo custo e de fácil implementação. Esta palavra teve origem no Japão, Kai (mudança) e Zen (Bom - para melhor), daí dizermos Kaizen - melhoria continua.
Isto de ser uma operadora de caixa com uma “lupa secreta”, ou seja, com os sensores ligados, tem que se lhe diga. Certo dia, resolvi observar os rostos dos clientes numa fila de espera. Como havia um preço com código ilegível, a fila parou para que o assunto fosse resolvido. Sabem que carinhas e caretas eu vi!? Vi clientes de sorrisos amarelos, outros soprarem para controlar a respiração, vi impaciência, vi alguém que estava em picos de pés, vi clientes a bocejar (a espera faz sono), vi rostos desolados, vi um cliente que olhava para o relógio a cada segundo que passava. Ouvi sussurrar baixinho as palavras do costume. Enfim, certamente já fiz o mesmo semblante em alguma fila, mas quando se está deste lado pode-se observar melhor cada cliente. Afinal quem é que gosta de estar numa fila de supermercado? Quem é que já disse: “ hum que bom uma fila de supermercado, quero-a toda para mim!?”
Segunda-feira, dia de pouco movimento. Poucas operadoras de caixa, poucos clientes. Tudo decorria normalmente até o multibanco começar a dar anomalia. Nós íamos fazendo tentativas para ver se o multibanco funcionava. Começaram as filas paradas. Havia um multibanco por perto que felizmente dava para os clientes irem levantar e depois pagar em dinheiro. Ao som (voz) a informação era: "estimados clientes informamos que o sistema multibanco não se encontra disponível para pagamento". Quando as pessoas chegavam á caixa diziam que não tinham ouvido a informação.
Um senhor começou a dizer alto "chame o vosso chefe", mas felizmente a esposa acalmou-o, porque eu já estava a prever que ia sair ali uma cena de teatro. Sei que é aborrecido para vós clientes o multibanco estar fora de serviço, mas acreditem que a culpa não é nossa e que quando isso acontece toda a equipa se empenha para resolver o assunto. Muitas vezes a “culpa" é dos bancos ou é por falha de comunicação...
Como se costuma dizer o “dinheiro de plástico”, apesar de ser prático por vezes falha, mas só acontece muito esporadicamente…
Hoje foi um dia caótico no supermercado. Parece que todas as pessoas resolveram fazer as compras do mês hoje. Estranhei por que hoje é dia 18 e estamos supostamente em tempo de crise. As caixas estavam todas abertas e as filas percorriam os corredores. Quem nos substitui na hora do lanche foi uma colega que foi caixa, mas que já há muito tempo está noutra secção. Acredito que ela deve ter adorado voltar á caixa. Ela era muito popular entre os clientes, pois é muito simpática, desinibida, comunicativa, eficiente, risonha... Enfim vi na cara dela que estava radiante...
Não sei se esta afluência ao supermercado hoje se deu em todo o país, mas as 5 horas de trabalho passaram num instante. Esteve lá aquele cliente ( sobre o qual já fiz um post) que assobia o tempo todo uma melodia irritante e desconcertante, mas enfim não lhe posso pedir para parar, pois ele não iria entender...