Sabem uma coisa? Acho que devíamos todos de abrandar...é demais a pressa que todos nós trazemos connosco! Hoje essa pressa deu "barraca". Ainda não tinha concluído o atendimento á clienteA (faltava sair o talão da impressora), já a cliente B estava a passar o carrinho vazio para o outro lado " atropelando" a cliente A. Começaram a ralhar, a cliente A tinha toda a razão, mas a cliente B não percebeu ou não quis perceber. Para evitar este tipo de situação, aconselho a que o cliente B aguarde a sua vez, deixando que o cliente A receba o troco, os talões e pegue nos sacos ou coloque os mesmos no carrinho (caso tenha um) e só depois o cliente B tome o seu lugar. Já tem acontecido usando o mesmo exemplo, o cliente A estar a marcar o código porque fez pagamento em multibanco e o cliente B estar quase em cima deste em vez de estar do outro lado a aguardar. Depois o cliente a diz que o Sr.B está a "decorar" o código e de seguida lá vêm mais uma "peixeiradazinha".
Por isto eu digo que temos de abrandar. No decorrer destes episódios, uma cliente que é emigrante no Luxemburgo disse-me que lá onde ela vive as pessoas não são assim, e ela diz que isto aqui lhe faz muita confusão. Lá as pessoas também tem horários a cumprir, mas andam tranquilos. Enfim isto deve ser uma questão cultural, mas seria bom pensarmos um pouco nisto!
Antes os sacos para os congelados costumavam estar junto das arcas, agora estão nas caixas e somos nós as operadoras que damos aos clientes quando estes levam artigos congelados. Umas vezes são os clientes que pedem, outras vezes somos nós que perguntamos se eles querem. É engraçado que muitas vezes a pergunta dos clientes é logo " isso paga-se quanto?" e nós respondemos " é oferta e assim os artigos chegam a casa mais fresquinhos!" Por isso podem pedir que nós damos, desde que não levem sem necessitarem...
Este episódio que hoje conto, vem a propósito dos sacos. Volta e meia e lá estou eu a bater na mesma tecla. Continua a preocupar-me o uso abusivo que as pessoas fazem dos sacos de plástico. É que é todos os dias a mesma coisa. Eu tento ter sempre poucos sacos já para que as pessoas não os "levem". Há clientes que pedem uns saquitos com muita educação, há outros que aproveitam a minha distracção (como se a "minha lupa" não estivesse atenta a isso), para os tirar.
Mas agora a ultima é um casal que lá vai às compras e tem um restaurante, pedem os sacos e ainda dizem: " também vendemos comida para as pessoas levarem para casa, e colocamos nestes sacos!" Eu dou uns sacos e eles pedem mais e ainda dizem que nós devíamos ficar gratos porque assim estão a fazer publicidade ao modelo, acham isto normal? Não há pachorra!
Estava a atender um senhor, já com idade avançada. A fila tinha três clientes em espera. A determinada altura o senhor fez-me uma pergunta completamente normal, sobre os cupões de desconto, " menina aquele cupão de 5€ de desconto, posso descontá-lo por exemplo numa compra de 6€ e só pagar 1€?" neste momento uma mulher (cerca de 30 anos) "desata" em risos. Era aquele riso de gozo e de (perdoem-se a expressão) estupidez. Expliquei ao senhor com muita calma como funcionavam os descontos nos cupões, e a mulher ria. Aquela situação estava a deixar-me indignada.
Não sei se o velhote chegou a perceber a situação. No final o senhor agradeceu-se a disponibilidade e a paciência de lhe explicar tudo. Quando o senhor saiu a mulher comentou " ai a velhice, a velhice...a gente nem deve chegar a esta idade, coitados"! Na altura não me consegui lembrar de nada inteligente para responder, só depois e muito depois consegui chegar a uma resposta á altura da situação.
Infelizmente a senhora já não estava lá para ouvir, mas deixo aqui a resposta, pelo menos desabafo: "Quem dera á senhora chegar á idade deste senhor com a mesma lucidez!"
Há sempre aqueles clientes que por uma ou outra razão nos cativam. Este senhor de que hoje falo é um velhote muito simpático e educado. Só o conheço pelo facto de ele ir quase todos os dias ao supermercado e quase sempre á minha caixa, ainda que a minha fila esteja grande ele diz que tem tempo.
Assim que se aproxima da minha caixa olha para mim e mostra um sorriso. Contou-me que foi carteiro uma vida e que a reforma felizmente chega-lhe bem e até se sente privilegiado por isso! Mesmo assim, seu único meio de transporte é uma bicicleta a pedais, daí que por vezes vá ao supermercado mais que uma vez para conseguir levar as compras todas.
Ele tem sempre um provérbio para qualquer situação ou conversa daí a simpatia mútua. São pessoas simples e humildes como este senhor que por vezes nos salvam o dia!
Estava a registar as compras a uma senhora estrangeira com sotaque carregado, talvez alemã, quando pelo som é chamado ao local o proprietário de tal veículo. Nós íamos falando, no registo, nos produtos, até nos preços, quando a senhora me diz que não sabe a matrícula do seu carro. Mais uma vez chamam a pessoa ao som. A senhora começa a pensar se será o seu carro. Nesta altura eu pego no telefone e pergunto as características do carro, porque estava ali uma senhora a questionar se seria o dela. A minha colega diz "é um jipe com um cão preto grande a ladrar!" desligo o telefone e reporto á cliente a conversa, ao que a cliente responde " é meu!" Volto a pegar no telefone e a minha colega diz-me que a senhora tem de ir lá urgentemente. Lá vai a cliente a correr e fico a registar e a embalar as compras. Sabem o que era? A senhora estacionou de forma a que o outro senhor que tinha o carro ao lado não conseguia entrar no veículo. Porquê? Porque de um lado não havia espaço, do outro e á janela estava o cão preto feroz a ladrar e não deixava ninguém se aproximar...
Já não é a primeira vez que acontece casos semelhantes por causas dos cães ficarem fechados nos carros, este tinha a janela semi-aberta. Mas quem leva animais no carro e vai demorar nas compras, tem de ter atenção, pode não ser muito seguro, quer para o próprio animal quer para aspessoas.
Cupões: Queria apenas dizer, em relação aos cupões de desconto que os clientes certamente estão a receber em casa pelo correio, que não são iguais para todos. Há quem receba vales de 5€, e há também quem receba vales percentuais de determinado produtos. Quando deixei uma "nota" no outro post não tinha conhecimento deste facto...
Quando os clientes chegam á linha de caixa, para que se efectue o registo das compras, alguns têm por habito deixar os artigos mais pesados no carrinho e depois entrega-los á operadora pela frente. Não sei se expliquei bem, mas o que eu queria dizer é que não os colocam sobre o tapete rolante. É exemplo disso artigos como o detergente para a maquina da roupa ( muito pesado por vezes), a saca da ração para o cão ( chega a pesar 20Kg), grades com cerveja, e mais produtos deste género. Ora, para nós é um esforço muito maior ter de elevar esses artigos da mão do cliente até ao scanner, do que simplesmente puxar o tapete e passar o artigo na frente do scanner.
Acredito que muitas vezes o cliente faz essa operação, pensando que está a facilitar o nosso trabalho e também a diminuir o tempo que está na caixa. Mas acredite que quando isso acontece muitas vezes no mesmo dia, ao fim do meu turno, as costas doem-me mais do que se passar os artigos pelo tapete rolante. Da mesma forma para si, cliente, o esforço é menor.
Estive dois dias de folga, quando cheguei ao trabalho havia uma grande novidade. Devido á onda de assaltos, foi criado uma espécie de plano de segurança. Fiquei um pouco assustada, pois já tinha havido assaltos em alguns supermercados. A supervisora explicou-me os procedimentos que uma operadora de caixa tinha de fazer em caso de assalto. Todas as medidas foram criadas para a nossa segurança e a pensar em nós. Não sei quem elaborou o plano, mas achei as medidas muito seguras e inteligentes. Quando fui para a caixa estava tão nervosa, depois pus-me a pensar na hipótese de haver mesmo lá um assalto. Será que conseguia fazer tudo bem? Ou será que entrava em pânico e não conseguia fazer nada? Não conseguia desviar o meu pensamento deste tema.
Horas depois, saí da caixa para ir lanchar. Mas entretanto a minha colega supervisora estava parada no corredor com ar preocupada, pois andava lá às compras uma senhora vestida de forma pouco comum, parecia árabe ou indiana. A senhora tinha consigo um carrinho de bebé, mas o bebé estava muito coberto e a senhora deixava o carrinho com o bebé no meio do corredor e ia buscar os artigos. Ora para nós aquilo parecia estranho. Deixar um filho ali sozinho e abandonado. Como eu passei perto do carrinho a minha colega perguntou-me se o bebé era verdadeiro, o que me deixou ainda mais alerta. Acabamos por concluir que era tudo normal. Mas eu só pensava numa coisa: a que ponto nós chegamos, para termos estes medos. Mas será isto normal? Afinal estamos em Portugal, onde está a segurança. No que se transformou o nosso país? Será que não há maneira de por fim nesta insegurança. Agora tenho medo de estar no local de trabalho? Tenho medo de ir ao centro comercial ou ao café?
Nota: Estão a chegar pelo correio novos cupões de desconto, desta vez têm o valor de 5€ e podem ser descontados em compras com valor igual ou superior a 25€ (desconto acumula no cartão ). São dois: um para Março e outro para Abril. Atenção às datas!
Quando me calha ficar nesta caixa fico sempre triste. Os comentários que alguns clientes nos fazem deixam-nos aborrecidas, daí quase ninguém querer ir para lá, mas tem de calhar sempre a alguém. A maioria dos clientes não olha para cima onde está a placa a dizer caixa expresso ou caixa até 10 unidades. Sempre que alguém se aproxima com o carrinho cheio lá repetimos a frase" esta caixa é só até 10 unidades peço desculpa, mas tem de se dirigir a outra caixa".
Felizmente a maioria das pessoas até mostra compreensão e diz "desculpe não tinha reparado". Mas nem sempre é assim. Da última vez que disse isso a um casal de média idade, a resposta do senhor foi" mas não está aqui ninguém, posso passar"! Eu disse-lhe que mesmo assim não podia atender porque podia chegar alguém a qualquer momento. A conclusão do homem foi" pois não querem é trabalhar, o seu patrão devia de ver isto!" pois esta frase estraga-me logo o dia, mesmo não sendo a primeira nem a segunda vez que ouço isto, o que é certo é que não me cai bem este comentário. As pessoas não entendem que são regras que nos colocam e nós (e os clientes) temos de respeitar.
Outra situação comum a esta caixa é por vezes se deixa-mos passar um cliente que tenha dois ou mais artigos que o estipulado o cliente que vem a seguir põe-se a contar os artigos do cliente anterior e diz " atendeu uma pessoa com mais de 10 unidades e eu tive de estar á espera, isso não devia de ser assim."
Ainda outra situação é o cliente dizer"ah isto nem chega a 10 unidades" e depois passa e bem da conta, e se nós dizemos alguma coisa o cliente reage como se tivesse acontecido sem querer( como se não soubesse contar).
Enfim é por todas estas razões e mais algumas que eu não gosto de ficar na caixa expresso!
Andava eu a arrumar aqueles carrinhos pequenos vermelhos, quando a minha colega me chamou;" chega aqui, chega aqui!" Lá fui eu. "Aquela senhora, nem imaginas o que ela me disse..." A minha colega ia me contando a história enquanto atendia uns clientes (Os termos a seguir mencionados só têm as primeiras a letras porque não escrevo tais palavras no meu blog, mas creio que todos vão perceber). Ela disse "mer... esqueci-me do cartão! Estou fud...!" A minha colega a contar-me isto e eu a fazer sinal para ela falar mais baixo, pois os clientes que ela estava atender estavam a ouvir tudo. Eu disse-lhe baixinho " olha os clientes". Mas ela estava tão escandalizada com a reacção da cliente (uma senhora já de idade) que não se conseguia conter. Minutos mais tarde lá do lugar dela chamou-se e perguntou " falei muito alto? achas que vão fazer queixa de mim?" Disse-lhe para esquecer.
Como podem ver histórias caricatas, não acontecem só a mim, mas esta eu acompanhei de perto. Mas realmente, era uma senhora já com idade suficiente para saber que aquele vocabulário não era para usar naquele lugar nem com a operadora. A moça ficou quase em estado choque!