A situação que hoje vos conto está relacionada com estes últimos “cupõezinhos” de desconto que os clientes receberam em casa. A cliente apresentou um que tinha 25% de desconto em tartes de fruta e bolos. Passei o cupão e de seguida o cartão, mas o sistema não aceitava o desconto. Então chamei a supervisora. A primeira pergunta que esta minha colega fez á cliente foi: “ este cartão pertence ao talão?” Esta pergunta porque os cupões estão sempre associados ao respectivo cartão. A resposta da senhora foi: “ Está a desconfiar de mim? Está a chamar-me de ladra?” Mas esta minha colega (supervisora) que não tem papas da língua respondeu-lhe logo com toda a diplomacia. Entretanto como não se conseguia resolver o problema tive de pôr a conta em espera enquanto a minha colega foi ligar para um apoio para resolver a questão. A senhora ficou a aguardar, ia falando baixinho (sozinha) e estava cheia de indignação. Resultado: sabem porque o cupão não entrava no sistema? Simplesmente porque a dita tarte de frutas já estava em promoção e ao que parece não se pode usufruir de dois descontos num só artigo. A cliente aceitou a explicação e ficou tudo bem. Só a minha colega ficou “passada” pelo facto de a senhora ter dito que ela lhe tinha chamado ladra!
Era uma vez um cliente que depois de pagar a sua conta, puxa os sacos para o fundo do tapete e começa a conferir o talão. Nesta altura chega uma cliente com apenas dois artigos. Coloco os artigos num saco e como efectuou o pagamento em multibanco ficamos ali a falar sobre o tempo (hoje está frio e blábláblá…). A certa altura o senhor pega em todos os sacos e vai andando em direcção á saída. Nesta altura a cliente olha para mim e diz: “ Aquele senhor levou o meu saco!” e lá vai a senhora a correr e a chamar pelo senhor. Foi uma cena muito cómica, só vendo! Depois de recuperar o saco a cliente voltou á minha caixa para levar o talão. Estava muito cansada mas também ria-se com vontade…
Estava eu mais uma vez, a atender naquela caixa para clientes com poucas unidades, quando vejo um senhor a colocar os seus imensos artigos no tapete. Então debrucei-me no tapete e disse:” Peço desculpa mas esta caixa é só até 10 unidades!” E o senhor disse logo: “ Ai é e onde é que isso está escrito!” e eu apontei para cima. E sabem o que ele respondeu? “ Pois, mas eu reparo é para as caras, e a menina pareceu-me tão simpática…” Pois e eu fiquei sem palavras, ele foi inteligente. Realmente temos que nos preparar para tudo, até para isto!
Sabem aqueles cupões de desconto que o modelo/continente envia para casa dos clientes? Eles vêm todos com picotado, esse picotado serve para os clientes os destacarem. Sabem porque digo isso? Porque hoje um sábado (dia bastante movimentado), os clientes praticamente entregavam-nos a folha e diziam para nós escolhermos os cupões que serviam. Imaginam por exemplo o que isto significa para os outros clientes da fila!? Se cada cliente destacasse os seus cupões pelo picotado e nos entregasse logo aqueles que lhe interessavam, era bom para todos, já que ninguém gosta de esperar e de estar em filas de supermercado…
Bem hoje foi daqueles dias que parecia que todos os clientes, queriam levar para casa o maior número de sacos possível... Como já referi aqui algumas vezes, incomoda-me esta tendência que as pessoas têm para usar e "coleccionar" sacos. Hoje assisti aquilo que chamei "a apanha dos sacos".
Entre os vários clientes que o fazem, hoje percebi que uma cliente entrava e saía da loja várias vezes, sabem o que ela fazia? Entrava comprava qualquer coisa e retirava uns sacos, depois novamente ia a outra caixa e repetia a graça. Quando ela foi á minha caixa eu já estava desconfiada das intenções dela e quando ela me pediu uns sacos (sim porque eu só tinha lá um, ela apenas levava um artigo) eu disse com toda a delicadeza: " sabe nós não podemos dar assim tantos sacos..." nem me deixou acabar, começou logo a dizer que o meu patrão estava cheio de dinheiro e que os sacos eram para isto e para aquilo enfim... é mesmo difícil mudar as mentalidades.
É um facto que desorienta e perturba muito os clientes o apitar das antenas. Já assisti a muitos episódios destes, mas hoje fiquei cheia de pena de uma cliente. Ela estava completamente inocente. Pelo sotaque não era portuguesa, devia de ser inglesa. Quando o alarme começou a apitar o segurança aproximou-se logo, e como sempre, tudo o que rodeava aquela caixa parou! Todos os olhos se direccionavam para a senhora. Ela tinha uma mala enorme o segurança ia pedindo para ela tirar as coisas para o tapete. Nem imaginam a quantidade de objectos que ela trazia dentro da mala, fraldas, toalhitas, caixas, enfim mas notava-se que não era nada daquilo que apitava. A senhora tremia por todos os lados, de súbito o segurança lá descobriu uma embalagem de pilhas vazia que nem sequer eram vendidas lá no supermercado. Quando o segurança saiu e eu comecei a passar os artigos, a senhora desabafou dizendo que estava desorientada. Olhei para ela, disse para se aclamar que eram situações absolutamente comuns.
Já tinha os olhos com lágrimas, mas lá se conseguiu conter...Imaginem o desespero dela num país que não era o dela, mesmo sabendo-se inocente todo aquele aparato deve-a ter assustado. Como eu lamentei a situação. Infelizmente este procedimento é necessário, digo infelizmente, porque se as pessoas fossem mais honestas, não haveria esta necessidade de vir logo a segurança, a chefia, enfim...tudo poderia ser mais discreto...
6. Sobre os sacos de serapilheira, e aqui respondo eu, têm custos muito elevados para os retalhistas, são muito mais pesados, e por isso de gestão logística muito mais custosa e poluente do que os sacos actuais. Além disso, apesar de teoricamente se degradarem mais depressa do que sacos de plástico, a verdade é que causam um impacto muito semelhante na vida animal.
Onde podemos talvez melhorar será na criação de sacos de plástico reutilizáveis “heavy-duty” para venda nas nossas lojas. Vou desde já endereçar essa questão para o Bazar Ligeiro, sendo que este já experimentou diferentes versões do conceito, sem sucesso expressivo até ao momento.
Finalmente, e aqui novamente uma nota pessoal: há que lembrar que transformações do comportamento da sociedade como um todo não são fáceis de executar. Normalmente tal é mais exequível através do papel do Estado (através de novas leis, por exemplo) ou da transformação (normalmente lenta) das consciências de cada um, e é aqui que entram os blogs, que no entanto sempre atingirão apenas uma fracção reduzida da sociedade e muito provavelmente já mais do que alertada para questões ambientais (…)
3. À ideia dos sacos de papel : «Esta ideia não deverá ser seguida, uma vez que: - A resistência dos sacos de papel é muito menor, reduzindo drasticamente o nível de serviço; - Atendendo a todo o ciclo de vida, desde a produção, transporte, utilização e destino final, tudo indica que os sacos em papel terão um comportamento ambiental mais negativo que os sacos de plástico.»
4. À ideia da redução de sacos de compras como um todo, o comentário no mesmo fórum foi: "A solução em vigor na SD é a melhor solução; Utilizando sacos de compra oxo-degradáveis a SD garante que os sacos de compras que oferece aos seus clientes, desde que expostos à luz, se degradam ao fim de um ano. Além disso, os sacos de compras da SD são (re)utilizados pelos clientes como sacos de lixo, evitando-se assim a poluição provocada pelos sacos de lixo à venda nas nossas lojas. Esta solução é, à luz do conhecimento actual, a que garante uma impacto ambiental total mais reduzido."
5. A resposta acima foi dada também à possibilidade de oferecer cêntimos de descontos aos clientes, em formato de crédito no seu cartão de fidelização.
Depois de aqui publicar este meu projecto relativo á diminuição dos sacos de plástico, deixo também a resposta do departamento da Sonae, que foi assim:
1. Os sacos de substituição aqui propostos já existem. Chamam-se “Sacos Verdes” e estão em todas as nossas lojas do retalho alimentar (…) O nível de publicidade actual é claramente de baixo perfil (não chega à Tv. e rádio) no entanto os nossos operadores de caixa têm instruções muito claras para tentar vender a maior quantidade possível destes sacos aos clientes, sendo a venda feita na própria caixa.
2. As restantes ideias já foram dadas anteriormente, tendo sido discutidas em Conselho de Administração ou pelo Director de 1ª Linha da Direcção de Ambiente juntamente com a Administração. No entanto, não foram aprovadas nesses fóruns.
Na minha luta pela substituição dos vulgares sacos de plástico, consegui através deste blog e de duas pessoas, a quem eu muito agradeço (elas sabem de quem falo), chegar a um departamento da Sonae. Na verdade, o meu projecto não foi, para este departamento inovador, mas enfim fiquei feliz por pelo menos lá ter chegado.
Deixo vos hoje um resumo do meu projecto que foi á Sonae…
Projecto ”acabar com a plásticomania”
1)Encontrar uma empresa que faça os sacos de substituição (papel, serapilheira ou outro material que não plástico), ou/também usar os sacos verdes para dar inicio á campanha;
2)Criar um slogan simples e apelativo (apropriado);
3)Elaborar os cartazes, panfletos para distribuir pelos supermercados e pelos clientes. Cartazes simples e directos advertindo para os malefícios dos sacos de plástico.
4)Distribuir um saco por cliente;
5)Colocar também esta mesma publicidade em placards nas estradas por onde muitas pessoas passam;
6)Publicitar na rádio e na Tv.
7)Encontrar pessoas que se disponibilizem voluntariamente para participar nesta campanha, de preferência pertencentes a associações ecologistas;
8)Os sacos de substituição, deverão ser trocados gratuitamente quando gastos, devendo assim o cliente só pagar o primeiro;
9)Depois de vistos todos os pontos anteriores, eleger um dia no calendário para se realizar a campanha”acabar com a plásticomania”.
Propunha também que pelo menos neste dia proibissem a distribuição de sacos nos supermercados quer gratuitos ou não. Este dia seria simbolicamente o dia sem sacos de plástico. Tipo “não há saco!”
E depois posteriormente e para reforçar esta campanha sugeria que fizessem um desconto (do género de dar 5% a 10%) em cartão a quem não usasse os sacos de plástico. Outra ideia era trocar sacos vulgares por sacos ecológicos. (Como foi com as lâmpadas).