Hoje então, até eu já estava sem paciência. Continuamos sem açúcar e os clientes continuam a fazer perguntas, insinuações, reclamações, sugestões e etc.. Perguntei à supervisora o que podia responder, ao que me foi dito, que não há previsão de quando haverá açúcar, poderá ser ainda hoje, amanhã ...mas não sabemos. Uma cliente daquelas , impertinentes disse-me que nós estávamos a esconder o açúcar para o pormos mais caro, porque viu nas notícias estarem a descarregar toneladas dele! Enfim, nós já parecemos um disco gravado sempre a repetir a mesma coisa. Que exagero isto tudo! O açúcar nem é um bem assim...tão essencial. Tenho impressão que quando faltou o arroz e o leite o clima foi bem mais tranquilo!
Numa conversa sobre este assunto, para tranquilizar as pessoas eu disse: " Até ao Natal vai haver açúcar, com certeza!" E uma pessoa respondeu: " e quem é que garante isso? O governo!? Mentiroso como ele é, ninguém acredita!" E nesta altura todos achamos graça!
Já há sites e blogs a brincarem com a situação, e a mudarem logótipos de supermercados com a palavra açúcar para amargo e coisas do género. Parece que esta carência, já deixou de séria e já se tornou numa piada! Já nem sei que pensar!
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2 comentários
Nuno Lagoa 15.12.2010 00:21
Não creio que esta seja uma boa explicação: em Portugal não temos o hábito do açambarcamento, bem pelo contrário: achamos sempre que os problemas se resolvem ou simplesmente ignoramos e deixamos para o último momento qualquer acção face a novos factos. Dou-te um exemplo mas podia dar mais: quando no verão de 2008 (ou terá sido de 2009) houve o bloqueio dos camionistas, NÃO houve corrida aos supermercados nem às estações de serviço, APESAR de não se falar de outra coisa nos media senão de falta de produtos de consumo diário, e que chegou mesmo a acontecer em muitos locais.
O facto é simples: houve de facto falta de matéria prima e existem três razões: 1) a utilização de uma parte crescente de cana de açúcar para combustíveis no Brasil (onde parte do etanol é obtido desta forma) e 2) especulação por parte dos mercados internacionais de commodities, em que "investidores" (melhor: especuladores) compram enormes quantidades de matéria prima simplesmente na expectativa de ver os preços aumentar mas sem a mínima vontade de produzir, até porque vendem essa matéria prima a quem de facto vai fazer algo com ela depois de garantir o seu lucro e 3) a preços elevados da matéria prima o grupo RAR, e por o açúcar ter margens tão baixas, decidiu não refinar mais porque não compensava. Ora pegando neste último facto, quando se tenta aumentar os preços e os grupos de grande distribuição tentam pressionar os preços para baixo mas não há elasticidade para tal, o que vai acontecer é óbvio: não há fornecimento!