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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Posso esquecer uma cara, mas não a situação

A semana passada esteve lá um casal a fazer as suas compras. Quando iam pagar, pediram para eu descontar os 27€ do saldo do cartão continente. No entanto, o cartão não tinha qualquer saldo!

Cuidadosamente digo ao senhor, que não tinha saldo no cartão e ele responde que tinha esse valor, pois tinha acumulado através de um cupão de 10%  na wells na compra dos  óculos e aponta para os seus óculos novos. Meramente, por  acaso, eu  sabia que existia esse cupão. Pedi um momento, liguei para o balcão de informação, onde me disseram que o senhor teria de se dirigir à Wells para ver o que se passava. Comuniquei ao senhor, e disse-lhe que nesta conta não era possível fazer o desconto, mas que lá o iam ajudar a perceber o que se passava. O senhor foi à loja e da minha caixa, consegui ver que alguém o estava a ajudar. A esposa ficou à porta com o carrinho das compras. O senhor saiu da loja e foi falar com a esposa, e também me veio dizer, que o cupão não foi passado na altura da compra, mas que agora já ia ficar tudo resolvido.

Ontem, o casal foi de novo à minha caixa e o senhor perguntou se eu me lembrava deles. É engraçado,  porque  eu tenho alguma dificuldade em memorizar caras, mas ao olhar para o senhor e ao ver os óculos, a situação veio à minha memoria. O senhor disse:" veja lá se agora o dinheiro já lá está e se o posso descontar!" E realmente sim, o dinheiro do senhor já lá estava. Também foi um alivio para mim, porque fiquei preocupada com o senhor. Sei que estar a contar com um determinado valor  e   depois o mesmo não estar disponível, é uma desilusão! A senhora até disse ao marido:" como é que queres que a senhora se lembre de ti, se lhe passa tanta gente pela frente?!" Mas lembrei-me, principalmente pelo olhar de deceção que vi naquela altura!

Ainda bem que tudo acabou em bem. quando  se trabalha num continente modelo numa localidade, que apesar de ser cidade, é rodeada de vilas e aldeias com pessoas que não estão de passagem, mas que são clientes assíduos, ganhamos afinidade e empatia pelas pessoas. Clientes satisfeitos, e problemas resolvidos, também é positivo, para mim!

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Clientes que não recebem cupões pelo correio

O  supermercado onde trabalho, é um supermercado de média dimensão, uma cidade, rodeada de vilas e aldeias e até montes.

Há pessoas ligadas ao meio rural, que vivem em locais ermos e distantes, tipo onde judas perdeu as botas. As pessoas mais novas, com automóveis e meios de deslocação e com conhecimento de tecnologias,  que apenas gostam de estar em contacto com a natureza, não têm certamente problemas. Mas depois há os velhotes, que sempre aqui escrevo sobre eles, e por tenho empatia. Estas pessoas recebem os cupões do continente pelo correio. Acontece, que na zona, os carteiros parecem ser escassos, e ainda costumam fazer greve. Então, estas pessoas estão muito tempo, além de isoladas, sem correspondência. 

Um dia destes,  um velhote habitual, confessou-me que não recebeu a carta da eletricidade para pagar, então cotaram-lhe a luz e teve de pagar para regularizar a situação. É triste que isto aconteça com as pessoas. É que a falta dos cupões do continente, nós ainda conseguimos ajudar, mas as contas para pagar, onde as pessoas não tem outra forma, complica a vida destes indivíduos.

É lamentável!

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Mais uma pergunta estranha de uma cliente

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Mais uma pergunta estúpida, para cobrar 0,38€

Desta vez, andava eu a fazer as minhas compras, depois de ter saído do trabalho, não estava fardada, eu nunca ou raramente faço as minhas compras fardada. A maioria das vezes estou com pressa. Mesmo assim, uma cliente que certamente me conhece, vem ter comigo com um rolo de cozinha e pergunta:

"Ouça lá , pode me dizer quanto é que isto pesa!?"

Se pelo menos fosse uma pergunta com lógica, normal, tipo o preço, ou marca, os metros que tinha,  mas não, tinha que ser criativa, além de estar a abordar-me quando nem estava a trabalhar!

O mês de dezembro está a começar

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Há situações que não dependem de nós, mas que nos afetam.

Então, neste dia as coisas até estavam a funcionar, mas num ritmo mais lento. A culpa não era nossa, era do sistema. a maioria dos clientes mostrava-se compreensiva, mas havia sempre uma ou outra pessoa, que reclamava.

Fico um pouco stressada se vejo as pessoas á espera, e as coisas estarem num ritmo mais lento. Resolvi lembrar-me de uma voz amiga que me ensinou a pensar assim: "O que está a acontecer, é por minha causa? Não! Posso fazer alguma coisa para mudar a situação? Não! Se ficar mais stressada, as coisas avançam mais depressa? Não!" Durante algum tempo recordei isto e consegui estar tranquila. Depois o sistema melhorava, depois voltava ao mesmo, ou seja, com altos e baixos. Acreditem que  é também complicado para nós, trabalhar assim!

Esperemos que isto tenha sido um episódio isolado, já que dezembro é o mês mais agitado do ano , no supermercado, pela minha experiência!

A uva que foi operada

Por vezes temos  no continente vários tipos e cores de uvas.

Em relação ás de cor branca, houve uma altura que tínhamos, uva branca com grainha e uva branca sem grainha. No continente onde trabalho, sendo continente modelo, a pesagem é feita na caixa, por isso temos  de ter algum conhecimento, em frutas e legumes.

Quando os clientes trazem as uvas na embalagem , ou seja, num  saquinho de papel, é mais fácil de distinguir, (até porque sabemos que quando não está escrito que é sem grainha, é porque é com) mas quando o cliente, as põe num saco de plástico, fica mais difícil perceber se a uva tem ou não grainha, porque  apesar de parecidas, têm preços e códigos diferentes.

Então, num certo dia,  chegou um cliente com uvas dentro do saco de plástico, olhei para elas, tive dúvidas e perguntei ao cliente se eram uvas com ou sem grainha, para esclarecer a minha duvida, mas o cliente, também não sabia, perguntei à minha colega de trás se ela sabia, ela foi até até á minha caixa olhou, tirou uma uva do caixo, abriu-a, ou seja, operou a uva, e aí percebemos que não tinha grainha. Primeiro fiquei preocupada, não fosse o cliente ficar zangado, mas felizmente levou na brincaderira e a situação até divertiu a plateia!

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Velhotes castiços

Há um velhote, super castiço, que mesmo quando não vai à minha caixa, vai sempre meter conversa, vai principalmente  falar do meu gato.

Há duas semanas lá foi ele dizer-me que vinha aí o frio e que eu tinha de fazer uma camisola para o gato. Então eu disse-lhe que infelizmente já não tinha esse gato. O senhor ficou comovido,  disse-me que bem sabia o que custava  perder um animal, quando se tem amor por eles, o senhor que sempre brincava, ficou sério!

Esta semana já lá voltou e mais uma vez, foi só meter conversa e desejar um bom dia, já não falou do gato!

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Eles sabem, mas perguntam na mesma

Seja quando estamos a entrar ao serviço, seja quando o estamos a largar, precisamos de pelo menos dois minutos.

A pergunta "Vai abrir?" causa um certo stresse. Se estamos a chegar, porque precisamos, abrir as moedas, ver se está tudo a funcionar, para além do atendimento, nessa altura ser, por ordem de fila. Imaginem que o tapete não está a funcionar, que está sujo e precisa de limpeza, que a impressora não está a funcionar!? Parece que não podem esperar um bocadinho! Quando estamos a fechar, estamos a fazer limpeza, a cancela está fechada, ou se ainda estamos a terminar o último cliente avisamos que a caixa está a fechar!

É só preciso um bocadinho de calma e compreensão!

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O respeito pelo espaço da operadora de caixa

Uma das situações que incomodam, é retirarem-me os artigos das mãos e não esperarem que eu os registe e os coloque do lado do cliente.

A situação piora, quando são duas pessoas, por exemplo um casal, onde um fica próximo à operadora, a retirara-lhe os artigos e a empurra-los para a outra pessoa. Já levei algumas unhadas, também já  me retiraram artigos, sem estarem registados, porque, por vezes, o código não passa logo.

Se o motivo é para despachar, esqueçam, não se despacham mais depressa, muito pelo contrario!

Se existisse um acrílico , talvez respeitassem mais o nosso espaço!

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É um pesadelo

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Muitos clientes querem entregar os artigos pela frente, para uma melhor arrumação. Muitos não se dão conta, que ao aceitarmos isso constantemente , estamos a destratar o nosso corpo, quando existe um tapete rolante justamente para facilitar e assim evitar lesões.

Infelizmente há colegas, que não tendo conhecimento das lesões futuras deste acto, ou porque só ali estão de passagem, aceitam fazer a vontade ao cliente, e depois os clientes dizem: "ah mas a sua colega deixa fazer assim!"

Felizmente há clientes que querendo que primeiro registemos os pesos, os dão pelo lado de saída, onde são eles próprios que lá os colocam.

Ao fim de 20 anos, a fazer esses esforços o corpo já tem algumas lesóes, mas ainda preciso de trabalhar mais uns aninhos , por isso tenho que me proteger, seguindo as normas da empresa, e grata por haver um tapete rolante!

Assim sim:

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