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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Um clássico do continente

Os cupões de desconte de 15% em toda a loja, são já um clássico do continente. Uma semana para entregar o cupão e a semana seguinte para descontar o saldo acumulado.

Felizmente já há clientes que percebem a mecânica. No entanto há outros,  que acham que a nossa caixa registadora é um computador ou uma bola de cristal e assim nós ao passarmos o cartão continente, já sabemos, o saldo que o cliente tem, o saldo que está a expirar e o que pode ficar até ao Natal!

Alguns clientes ficavam admirados quando perguntava se queriam descontar o saldo e respondiam:" Então mas está a brincar comigo!? Se não o descontar,  perco-o!"

Outros,  eu perguntava se queriam descontar. Diziam que não! Eu perguntava se não era do saldo dos 15% que expirava. Alguns respondiam que não, e tinham razão, outros ficavam na dúvida, outros só percebiam que era para descontar,  depois de surgir no talão e de já terem pago! Outros ainda, achavam que eu tinha de saber a parte do saldo que era para descontar.

Um dia o nosso sistema vai evoluir, e vai aparecer no ecrã o valor do saldo do cartão, a parte que está a expirar, e depois o cliente vai achar que é invasão de privacidade!

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Dias calmos e dias agitados no supermercado

Aqui há uns dias ajudei uma senhora na escolha de um alimento para o seu animal de estimação. Ela queria algo para um gatinho bebé, e não sabia o que lhe dar. Trazia ração e paté para gato adulto. Então, e como era um dia calmo, uma segunda-feira, expliquei onde estava a alimentação adequada,  e  à segunda tentativa, lá encontrou.

Lá me contou como o animal lá tinha ido ter a casa. Eu que adoro gatinhos e também tenho um, o assunto entusiasmou-me, dei alguns conselhos e dicas.

Dias depois voltou lá, e eu,  que até não sou boa a decorar caras, lembrei-me dela e do gatinho. Então perguntei, como estava o animal. Era só uma pergunta. Mas era um dia com muito mais movimento. Mas a senhora, falava, falava, dos feitos e gracinhas do bichano, e não arrumava os produtos, até foi ao telemóvel, procurar fotos do gato para me mostrar. Eu já arrependida de ter perguntado, as pessoas na fila a olhar. Estava um senhor a rir-se na situação e a perceber a minha aflição, em querer despachar o serviço. Até que eu disse à senhora que não podia ver as fotos naquele dia, mas que me mostrava num dia mais calmo. Felizmente as pessoas entenderam e até pareciam achar alguma graça à situação.

Não sei se ela entendeu. É certo,  que há  dias,  em que não podemos  fazer este tipo de perguntas,  ás pessoas, porque um simples "então como está?", dá um discurso enorme, porque as pessoas gostam de ser ouvidas, porque se calhar,  naquele dia, somos a sua única troca de palavras.

Mas sempre que possível, e sempre que existir disponibilidade das duas partes, darei toda essa atenção e carinho, porque também a tenho recebido ao longo dos anos!

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Sempre gostei de inventar palavras em jeito de brincadeira

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Os termos Blogger, bloguista ,  blogueiro, blogueira, são estrangeiremos, ou português do Brasil, não existe bem, um termo português de Portugal, então tive a ousadia de inventar um. (Blogue) Blog + Literata (escritora).

Os termos Blogger, bloguista e blogueiro, são estrangeiremos, ou português do Brasil, não existe bem, um termo português de Portugal, então tive a ousadia de inventar um. (Blogue) Blog + Literata (escritora).

Blogliterato para o masculino.

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Blogliterata para feminino.

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Claro que isto é só uma brincadeira ! Sem querer ofender a língua portuguesa!

Sem noção ou sem vergonha!?

Aqui há uns dias, estava a atender uma cliente que depois de colocar os artigos no tapete, passa para o outro lado, mas leva lá um saco térmico, que percebo que tem coisas dentro. Havia espaço no tapete para o colocar.

Eu  : E esse saquinho aí?

Cliente : São os congelado, já lhe dou, estão aqui,  para não se estragarem.

Eu: Mas tem ali espaço para o saco !

Cliente: Está com medo que eu não pague !?

Eu ( já a começar a stressar): Não se trata de ter medo, são regras, os artigos , não podem ir para esse lado, não estando registados e ainda por mais,  dentro de sacos!

E pronto lá meteu o saco. Havia necessidade disto!?

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Como eu, operadora de caixa, organizo o dinheiro

Foi difícil encontrar na internet um fundo de caixa parecido com o meu, mas depois de fazer alguns ajustes, consegui ilustrar.

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Cada um de nós tem a liberdade de organizar o dinheiro da forma que entende, da maneira que achar mais fácil, para manusear tanto as moedas, como as notas.

Para mim, as  moedas têm que estar de forma decrescente, em baixo de UM euro até aos dez cêntimos, em cima dos cinco cêntimos, até um cêntimo, o compartimento que sobra é para as moedas de dois euros, quando existem. As notas também estão organizadas como na imagem, começando pela de  menor valor até à de  maior valor,  sempre direitinhas e viradas para o lado da frente onde se vê o número e a faixa dourada, se assim lhe posso chamar!

Mas isto é a minha organização, a que me faz sentido, para melhor guardar o dinheiro e melhor fazer o troco que tenho de entregar ao cliente. Por vezes, quando tenho de substituir algum/a colega que tenha uma disposição diferente, já ando ali,   à pesca, porque não  pensamos todos na mesma maneira, o que é perfeitamente compreensível e legitimo!

Talvez, só quem trabalhe ou já tenha trabalhado, com esta parte da caixa registadora, perceba a relevância deste  este assunto. No entanto, quem está do lado de fora, pode assim ficar a saber, do funcionamento e da importância desta organização!

Pessoas com uma grande falta de noção e civismo

Como já aqui disse, apesar de existirem clientes mais desafiantes, gosto do que faço, pode parecer um trabalho ás vezes monótono, mas há sempre situações caricatas, que nos despertam, que nos incomodam, que nos ensinam alguma coisa, e até que nos dão vontade de fugir...

Há uma senhora, que até é educada e simpática, mas que para mim, é a empata filas, pois quer venha sozinha ou acompanhada, tem quase sempre a tendência de empatar, ou porque se esquece de alguma coisa,  e deixa  os artigos no tapete e desaparece, ou porque tem de ir buscar um carrinho, ou porque se esqueceu de imprimir cupões, ou porque está na conversa e não me responde ás perguntas. Enfim...

Desta vez já tinha pago e tinha os sacos sobre o tapete quando lhe toca o telemóvel. Decide atender, encostar-se e não retirar os sacos que estavam a ocupar todo o tapete de saída, impedindo que eu atendesse os clientes seguintes.

Ainda aguardei alguns segundos, mas ela continuava no corte e costura da sua conversa. Até que o cliente seguinte lhe diz já um pouco impaciente e com toda a razão: "importa-se de retirar os sacos daqui, que as pessoas estão à espera!" Ao que ela responde, achando-se no direito disso "olhe,  educação e boas maneiras nunca fizeram mal a ninguém!"

A pessoa ainda acha que os outros é que tinham de esperar pacientemente ela acabar o telefonema, para terem o espaço livre para serem atendidos! É caso para dizer "mas que grande lata!"

Haja paciência!

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A mulher que encostou o nariz no tapete para cheirar peixe

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Estou a atender uma cliente que resolve se debruçar sobre o tapete, colocando o seu nariz mesmo em cima dos  rolinhos, para me dizer que cheirava a peixe!

Pois é normal, que cheire já que, mesmo que estejamos sempre a limpar, o peixe é algo que sempre deixa cheiro! Mas resolvi limpar com com o spray à frente dela!

Aposto que naquele momento o nariz dela ficou com mais cheiro que os rolinhos!

Aquele miúdo é tão engraçado

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Está a chegar à minha caixa uma família habitual, mãe, avó e um menino muito esperto, conversador, educado, com quem adoro falar!

Eu: Olá, então como estás!?

Menino: Mallll!

Eu : (risos) Agora parecias  um velhote a falar!

Mãe: Ai ai, rapaz

Eu: Então, pediste alguma coisa que não te deram,  foi!?

Menino: Não é isso!

Eu:  Então,  mas até estás quase férias!

Menino: Quase!? Mas ainda faltam duas semanas!

Eu: Pois ,  está quase...

Menino: Mas o meu irmão está na secundária e já está de férias, é por isso!

Suponho que este menino esteja no terceiro ano do ensino básico. Recordo-me do tempo em que ele gostava da escola, também me recordo, que depois, passou a não gostar tanto.

Quando ele se despediu de mim desejei-lhe que ele ficasse bem. A avó disse que ele se não existisse tinha de ser inventado!

O que é certo é que ele me animou, e tornou o meu dia mais leve , sempre que me lembrava dele, apetecia-me sorrir!

São as pessoas e as causas que me movem e não o dinheiro!

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Pode até haver, clientes mais difíceis ou desafiantes, ainda assim, é por eles toda  a minha dedicação e empenho.

São as pessoas e as causas que me  movem e condicionam e não o dinheiro!

Será dos clientes, das nossas conversas, da empatia, da simpatia, das risadas, ou até dos mais desafiantes, que poderei vir a sentir saudades, um dia, daqui a mais uns anos, espero!

Um pedido especial

Estava a atender uma senhora, uma velhota castiça, que eu já há algum tempo não encontrava. Que feliz eu fiquei de a ver bem. Foi muito querida comigo, aliás como sempre.

Levava alguns frasquinhos , de sabonete, de gel banho, uns que têm um manípulo que temos de rodar, e que depois funciona com um clic. Muito educadamente pediu-me se eu os podia abrir, porque ela não era capaz. Na imagem,  o primeiro está fechado, e o segundo aberto, depois de rodar!

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A primeira coisa que pensei foi que nem eu própria ás vezes consigo, mas prontifiquei-me a ajudar, apenas questionei se depois não vertia o liquido pelo caminho,  ela assegurou-me que não!

Felizmente consegui, ela ficou agradecida e eu satisfeita por poder ajudar. Mas, de facto, estes manípulos podem até ser seguros, mas não são fáceis!