Um cliente diz-me qualquer coisa, que não percebi, questionei, mas não me respondeu e continuou a falar.
Pensei que me podia estar a pedir alguma coisa, então disse: "desculpe, não percebi"! É quando a pessoa responde, tirando o cabelo que tapava o auricular. " não estou a falar consigo!"
Não é fácil fazer um atendimento por mímica para não incomodar!
Ainda não tinha entregue o talão à cliente que estava no tapete de saída, já o cliente seguinte estava à minha frente. Entrego o talão e despeço-me , e o senhor já parecia estar em pulgas.
Diz-me: "Tenho que me despachar, porque se não, chego atrasado ao trabalho, e o patrão despede-me!" Não gostei muito de ele estar a colocar essa responsabilidade em mim, logo eu, que sou bem organizada e chego sempre ao trabalho antes da hora! Então digo-lhe " mas isso não depende só de mim"! Ao que ele responde: "pois, mas você já está aí descansadinha no seu trabalho, e eu ainda tenho de chegar ao meu!"
É nesta altura que vou para dar uma resposta , mas ao ver a esposa e ao olhar de novo para ele, reparo num pormenor, que me faz recuar, e não responder!
Mas, de facto, é preciso ter mesmo paciência neste atendimento ao público. As pessoas é que andam sempre atrasadas, não se organizam, e depois colocam as culpas dos seus atrasos no pessoal que está a trabalhar e tem de os ouvir resmungar!
Uma cliente habitual levava o seu carrinho bem recheado. Levava carne, peixe, marisco, bacalhau, e outras coisas mais. Conversa puxa conversa, e ela diz-me que algumas de nós são como família para ela, pelos anos de convivência, o que me deixou emocionada!
Quando vejo o total, o valor passa dos quatrocentos euros. Não era um resultado habitual, então enquanto a senhora terminava de embalar, fui puxando no ecrã para ver se me teria enganado e repetido alguma coisa ou multiplicado mal, alguma quantidade.
Quando digo o total à senhora, a resposta foi : " ai não pode ser, deve de haver algum engano, nunca gastei tanto assim no continente!" Preocupada voltei a verificar, mas com a pressão de ter pessoas em espera, não dava tempo para confirmar um a um todos os registos. Então, eu pedi à senhora que confirmasse tudo, e que, se alguma coisa estivesse mal registada, viesse falar comigo.
A senhora entretanto desapareceu do meu ângulo de visão, foi certamente arrumar os produtos ao carro.
Daí a momentos, chega até mim, com o talão na mão. Pensei logo, que certamente tinha cometido algum erro.
Mas não! A senhora veio ter comigo, apenas para me dizer, que não ficasse preocupada, pois estava tudo correto!
Uma senhora, inclui nas suas compras, algumas covetes daquela comida pronta, que temos para venda.
Depois de pagar, a senhora saiu.
Daí a um bocado, a senhora volta e vai diretamente à minha caixa, pergunta-me se eu me lembro dela. Por acaso lembrava-me, mas podia não lembrar, já que são tantas caras que nos passam à frente, e eu não tenho boa memória visual!
A senhora mostra-me uma covete com "Brás de legumes", e diz-me que comprou aquilo para alguém que é vegan! Eu confirmo que sim, é um prato vegan, mas ela diz "mas a pessoa é mesmo vegan, então não come ovo, e eu fui ver os ingredientes e tem ovo!" Então, encaminho a senhora para fazer a devolução no balcão de apoio ao cliente. É quando ela me diz que não tem o talão. Pergunto se é fatura eletrónica e ela diz: " não, eu não o quis, lembra-se!"? Dessa parte já não me lembrava, mas lá fui remexer o lixo, até o encontrar , sob os olhares atentos dos clientes que tinha na fila, e da cliente que estava a atender! Felizmente, eu ainda mantenho o uso de álcool gel!
Com o talão, a senhora já pode ir resolver a situação. Sei , que por vezes é chato andar com talões e papéis na carteira, mas em casos como este ou semelhantes, dá jeito!
É um casal habitual muito simpático e divertido. O Sr mesmo quando não vai á minha caixa, vai sempre á minha beira perguntar pelo meu gato, ou dar conselhos para ele. Ontem, por exemplo sugeriu que lhe comprasse carapaus. Isto acontece há anos.
São pessoas que partilham comigo o apreço por animais.
Este é mais um cromo repetido, é mais um assunto repisado, mas ainda assim, não consigo deixar passar em branco!
Para os emigrantes deve ser uma grande alegria poderem regressar ao seu país, estar com as suas famílias, estar em lugares conhecidos, desfrutar das nossas praias!
Quando começamos a ouvir nos corredores do supermercado, pessoas a chamarem pelos filhos, numa mistura de idiomas - porque na sua maioria, as crianças circulam sozinhas, brincam à apanhada - coisa que os portugueses não deixam tanto, pois estão sempre de olho nos miúdos, ouve-se muito barulho, vão em grandes grupos ás compras, já sabemos de quem se trata!
O que não consegui ainda entender, mas estou na busca desse entendimento, estou a caminhar nesse sentido, é o porquê, de ao estarem em Portugal, até com elementos da família que vivem cá, e ainda assim, falarem francês, ou metade em francês e outra metade em português! Seria bom que as crianças já nascidas nesse país, fossem habituadas ao português, até porque tanto os avós , como os primos, que nunca saíram de Portugal, querem ter boas conversas!
De qualquer forma, desejo que tenham umas boas férias, e que recarreguem baterias para o regresso ao país que os acolheu e onde ganham o seu sustento!
Estava a atender duas pessoas. Pelo que me deu a entender, uma das pessoas vivia em Portugal e a outra seria emigrante e estava de visita.
Estavam a discutir quem ia pagar, porque ambos queriam pagar. O pagamento era com multibanco, pois cada um tinha o seu cartão. Um empurrava o outro, o outro também empurrava. Entretanto, com o encostar do cartão, alguém pagou e o talão saiu, ainda eles estavam a discutir quem ia pagar, quando eu digo que já alguém pagou! "Quem?" Perguntam, ao que eu respondo "não sei, mas a conta está paga, e foi um dos dois cartões!" Diz um para outro "às tantas ainda pagamos duas vezes!" Mas eu assegurei-os que isso não seria possível, que o sistema não permitia! Ainda lhes disse para irem ao multibanco confirmar!
Espero que se tenham entendido e aprendido a lição!