Como cliente, nestes dias fui a três supermercados, e dei sempre alguma coisa. Num dos supermercados, quem veio ter comigo, foi uma menina muito novinha, não devia de ter mais de 11 anos, mas soube bem explicar o que pretendia.
Como operadora de caixa, fui reparando que os portugueses continuam muito solidários, os produtos que mais ofereceram foram: arroz, massas, atum, feijões e salsichas, mas também bolachas, açúcar e óleo, só que, talvez em menor número. Resolvi que no continente onde trabalho iria oferecer o produto que menos tinha registado. E assim fiz, ofereci uma caixa de cereais, pois fazia parte da lista e apenas tinha registado uma caixa a uma cliente. E como mãe, sei a falta que os cereais fazem para dar ás crianças.
Quem participou nesta iniciativa, e o que acharam?
Se me permitem uma opinião, acho que, são mais as pessoas de poucos recursos a contribuir do que as mais abastadas. É claro que não estou a generalizar, e deve de haver excepções! Mas presenciei por exemplo um casal aparentemente mais abastado dizer que " o estado é que tem obrigação de ajudar" , ao mesmo tempo que uma família aparentemente menos abastada dar um saco com alguns artigos. Penso que até sei o porquê: certamente porque os menos abastados se sentem mais próximos de um dia serem eles a precisar de ajuda...
Acho que não custa nada ajudar, um pacote de arroz por exemplo, dá para algumas refeições, e é só um pacote de arroz!
As situações passadas com clientes nem sempre são negativas, também as há positivas, simpáticas e engraçadas. Uma que recordo com graça, passou-se na passada semana. Um cliente relativamente jovem e muito bem vestido, de fato e gravata, dirigiu-se à caixa com os seus artigos: gilets, espuma de barbear, after shave. E com um certo embaraço disse; "- Hoje tenho uma reunião muito importante no meu trabalho, e esqueci-me de fazer a barba, não há problema em usar a casa de banho para a fazer, pois não?" Eu não consegui evitar um pequeno riso, mas disse-lhe que não havia problema. Aliás o rapaz nem tinha a barba grande. Depois daí a uns minutos vi o senhor passar e fazer-me sinal de ok com o polegar. Enfim toda esta situação e a atrapalhação do senhor fez-me rir.
Este fim-de-semana deu para ver como é grande a solidariedade dos portugueses. Como operadora de caixa num dos supermercados deste país, onde houve recolha de alimentos, posso dizer que quase todos os clientes que atendi traziam o simbólico saco dado á entrada contendo artigos de primeira necessidade pedidos pelo Banco Alimentar Contra a Fome. Não me lembro de ver tanta aderência nas outras vezes. Talvez porque ultimamente se tem falado muito em “crise alimentar”.