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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Mais tempo para os mais velhos

Finalizo o registo e peço o cartão de cliente ao cliente, um senhor, já de idade. Ele pega numa daquelas carteirinhas que só têm cartões, um porta-cartões, se é que assim se pode chamar.

 

Naquela carteirinha, estilo livrinho, havia cartões de tudo, principalmente cartões de visita. O cliente folheou duas vezes para encontrar o cartão continente. Entrega-me o cartão continente, passo-o e devolvo-o, digo o total e o senhor, volta a folhear  de novo a carteirinha, lentamente e a tremer, folheia uma, duas, três vezes e não consegue encontrar o cartão multibanco. Na fila de espera estão duas senhoras, que foram extraordinárias em compreensão pela demora, aliás estava eu mais stressada que elas!

Na tentativa de ajudar o senhor, e porque ele tremia tanto, pedi licença para folhear a carteirinha e tentar encontrar o cartão, mas não encontrei. O senhor estava preocupado,  principalmente porque achava  podia ter perdido o cartão. Uma das senhoras sugeriu que ele procurasse nos bolsos. Mas o dito cartão também não estava nos bolsos. Estava um outro, que não era  para usar, mas que na falta do outro, o cliente resolveu usar este. Mas o cliente marcou o código errado por tês vezes. Estava o senhor desesperado e  estava eu porque  estávamos ali há cerca de 10/15 minutos, naquele impasse. Avisamos o senhor, eu e as outras duas senhoras, para não colocar o cartão no multibanco, porque se não ia lá ficar retido. É neste momento que o senhor diz: " Só se eu pagar com dinheiro?" Pensei: " Mas tinha dinheiro e não disse logo!? Mas enfim o  problema está resolvido!" O senhor tirou todas as notas, todas as moedas, faltavam três cêntimos, mas eu nem me importei, queria era resolver a situação.

Comecei a atender as outras clientes, que foram umas queridas, por compreenderem a situação e até  por colaborarem. À frente da minha caixa há um banquinho, do tipo daqueles banquinhos de jardim, o senhor sentou-se lá com o carrinho das compras ao seu lado, e estava novamente a folhear a carteira tremulamente. Ficamos cheias de pena do senhor. Aquele senhor precisava de ter ali algum familiar ou amigo para o ajudar a encontrar o cartão ou para lhe dar apoio, pois ele parecia transtornado. Será que ele ia conduzir naquele estado? Fico com pena de não poder ter feito nada para o ajudar nem o poder encaminhar para alguém.

Este mundo é muito movimentado para quem está numa fase em que precisa de fazer tudo com mais calma!

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