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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Trabalhar no domingo de Páscoa

Hoje, domingo de Páscoa, o movimento esteve bem calmo. Um senhor, cliente habitual, quando chega à minha caixa, apenas com um saco com bananas, diz-me: " A menina desculpe, vir cá hoje, porque eu sou contra, mas a minha mulher convenceu-me a vir comprar bananas para a neta, se não não vinha! Por mim estes sítios estavam todos fechados. Dantes não estavam abertos e passava-se bem!"

Outras pessoas perguntavam a que horas fechávamos e ficavam admirados de só fechar às 19h, porque na localidades os outros fechavam às 13h.

Os clientes, como é tipico do português (tudo para a ultima hora) compraram maioritariamente ovos de Páscoa, amêndoas, sobremesas de Páscoa.

E depois, até posso dizer, que o coelhinho da Páscoa existe mesmo, pois tive um bónus e saí um bocadinho mais cedo!

 

Mais tempo para os mais velhos

Finalizo o registo e peço o cartão de cliente ao cliente, um senhor, já de idade. Ele pega numa daquelas carteirinhas que só têm cartões, um porta-cartões, se é que assim se pode chamar.

 

Naquela carteirinha, estilo livrinho, havia cartões de tudo, principalmente cartões de visita. O cliente folheou duas vezes para encontrar o cartão continente. Entrega-me o cartão continente, passo-o e devolvo-o, digo o total e o senhor, volta a folhear  de novo a carteirinha, lentamente e a tremer, folheia uma, duas, três vezes e não consegue encontrar o cartão multibanco. Na fila de espera estão duas senhoras, que foram extraordinárias em compreensão pela demora, aliás estava eu mais stressada que elas!

Na tentativa de ajudar o senhor, e porque ele tremia tanto, pedi licença para folhear a carteirinha e tentar encontrar o cartão, mas não encontrei. O senhor estava preocupado,  principalmente porque achava  podia ter perdido o cartão. Uma das senhoras sugeriu que ele procurasse nos bolsos. Mas o dito cartão também não estava nos bolsos. Estava um outro, que não era  para usar, mas que na falta do outro, o cliente resolveu usar este. Mas o cliente marcou o código errado por tês vezes. Estava o senhor desesperado e  estava eu porque  estávamos ali há cerca de 10/15 minutos, naquele impasse. Avisamos o senhor, eu e as outras duas senhoras, para não colocar o cartão no multibanco, porque se não ia lá ficar retido. É neste momento que o senhor diz: " Só se eu pagar com dinheiro?" Pensei: " Mas tinha dinheiro e não disse logo!? Mas enfim o  problema está resolvido!" O senhor tirou todas as notas, todas as moedas, faltavam três cêntimos, mas eu nem me importei, queria era resolver a situação.

Comecei a atender as outras clientes, que foram umas queridas, por compreenderem a situação e até  por colaborarem. À frente da minha caixa há um banquinho, do tipo daqueles banquinhos de jardim, o senhor sentou-se lá com o carrinho das compras ao seu lado, e estava novamente a folhear a carteira tremulamente. Ficamos cheias de pena do senhor. Aquele senhor precisava de ter ali algum familiar ou amigo para o ajudar a encontrar o cartão ou para lhe dar apoio, pois ele parecia transtornado. Será que ele ia conduzir naquele estado? Fico com pena de não poder ter feito nada para o ajudar nem o poder encaminhar para alguém.

Este mundo é muito movimentado para quem está numa fase em que precisa de fazer tudo com mais calma!

Há muita falta de... educação

Digo à cliente que aquele cupão de 5 euros só acumula se fizer compras no valor de 20€, isto porque o valor das compras da senhora, dava cerca de 12€, responde-me a senhora: " Ah...mas eu ainda não acabei de me aviar, ainda me faltam umas coisas"! E nisto sai a ir buscar o que lhe falta, e eu ali com a conta empatada, com pessoas na fila! Coloco a conta da senhora em espera, retiro os sacos já embalados do tapete, coloco-os no chão ao meu lado e atendo o cliente seguinte, o outro cliente seguinte.  É então, que a   cliente que deixei a conta em espera, passa pela fila com os artigos direita a mim. O normal, seria a senhora ir para o fim da fila, mas não, nem pediu licença nem nada! E quando eu lhe disse que ela tinha de aguardar, fez-me uma cara medonha!

Anda tudo doido, é  cada falta de educação. Haja muita paciência!

Pensem, mas não digam!

Hoje logo pela manhã um cliente dizia: " Estou muito desapontado com o que disse ontem o seu patrão"! Como eu nem tinha visto as noticias, perguntei o que tinha ele dito. Este senhor, contou que ele tinha dito que os ordenados deveriam ser em função da produtividade dos funcionários e que sem mão de obra barata não podia haver emprego!

E ao longo do meu turno, muitos clientes falavam no assunto e mostravam descontentamento. Um dos clientes chegou a dizer que se pudesse não comprava mais coisas no continente.

Eu que não entendo nada de politica, acho que muitas vezes, os políticos e as figuras publicas, dizem coisas que poderiam evitar, mesmo que as pensassem, não deviam de as dizer, porque conseguem sempre desiludir as pessoas!

E com isto tudo, quem é que ouve as desilusões, os desagrados e os desabafos dos clientes!? Quem?!  E depois colocam-nos a todos no mesmo saco. E nós somos apenas empregados!

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Desabafos na fila do supermercado

No sábado estava uma Associação a pedir alimentos à porta do supermercado. Eu nem sabia qual era a Associação, mas é sempre a quem está na caixa que fazem perguntas (quem são/para quem pedem). Mas porque perguntavam às operadoras de caixa? Se os próprios voluntários, se identificavam!?

Muitas pessoas reclamavam de estarem sempre a pedir, eu lá as ouvia.... A dada altura, e a este propósito, começam a falar da crise, do governo, etc. É aí que uma senhora toda bem aperaltada, começa a falar mal dos políticos, chamando-lhes nomes bem feios. Entram todos em debate uns com os outros. E a fila ali um pouco empatada. Isto porque as pessoas já andam tão revoltadas que sentem necessidade desabafar, e uma fila de um supermercado pode ser uma boa oportunidade para o fazer!

Isto vai mal, vai!

 

Quando damos pela falta de determinados clientes

Há um simpático casal que vai sempre lá às compras, são uns velhotes muito giros, bem vestidos, a senhora muito bem maquilhada, unhas sempre muito bonitas. É sempre o senhor que arruma as compras, pois a senhora, apesar de uma linda aparência, tem problemas físicos, não visíveis, que a impedem de se despachar a arrumar as coisas, apenas é ela quem trata dos cartões, cupões e pagamento. O senhor  diz sempre:" desculpe vir incomodar" ao que eu respondo, que eles alegram o meu dia.

Certa vez, a senhora vinha sozinha com outra senhora, estranhei, mas  tive receio de perguntar, pois achei-a triste, e a  resposta poderia ser mais triste ainda. Mas partiu dela própria me dizer, que o esposo estava doente, e que tinha deixado de andar. Disse-me que era ele quem a ajudava, porque estava melhor que ela em termos de saúde, mas agora era ele quem pior estava.

Passaram alguns dias e ontem lá esteve novamente a senhora, e disse que o esposo continua na mesma, mandei-lhe cumprimentos, e as melhoras. Fiquei com tanta pena. É triste deixar-mos de ver certas pessoas por quem já nutríamos tanta simpatia, e saber que o motivo é tão mau e que o mais certo é nem voltarmos a ver lá essa pessoa!  Pessoas como estas não são assim tantas, e deixam muitas saudades!

 

Saída do supermercado sem compras

Aqui há uns tempos quando se entrava no supermercado havia a placa da entrada que dizia "Bem-vindo" e a da  saída que dizia: "obrigada pela sua visita" e "saída sem compras". Agora, retiraram da saída a parte que dizia "saída sem compras"! E por isso os clientes, sentem que podem sair por onde lhe apetecer, porque já não está uma indicação por escrito. Saem na maior parte das vezes pelas caixas, incomodando muitas vezes o atendimento, pois as passagens são estreitas.

Com que autoridade nós podemos dizer às pessoas que a saída sem compras é por onde entraram se não há lá indicação alguma!?

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