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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Há coisas que nunca mudam

Como sabem, voltamos hoje, aqueles cupões de desconto em determinados artigos, e há coisas que nunca mudam! Os cupões até podem não ser perfeitos, mas os clientes também não ajudam, pois:

- não os separam pelo picotado;

- muitas vezes, não sabem ao certo, se levam aqueles  artigos, entregam a folha e nós é que temos de descobrir;

- não reparam nas datas;

- não reparam na descrição, características e marcas dos produtos.

Quando são velhotes que pedem ajuda, ajudo e compreendo, mas quando são pessoas jovens, até parece que estão a gozar fazendo as coisas, de modo a se superiorizarem, esperando que sejamos nós a escolher os cupões, a separá-los. Não é que me importe de fazer todas estas coisas, apenas perde-se tempo, e como se costuma dizer: tempo é dinheiro!

 

Isto é a quilo!

Chega à minha caixa um senhor com vários artigos. Começo a registar. Chego a uns tachos, panelas e afins. E gera-se o seguinte diálogo:

Cliente: Isto é aquilo!

Eu: Desculpe!?

Cliente:  Isto é aquilo!

Eu: Aquilo o quê?!

Cliente: Aquilo!

Eu: Desculpe, mas não estou a perceber!

Cliente: Esta louça é a peso!

Eu: Ah!  É ao quilo!

Depois é que vi que tinha lá uma indicação que a louça se vendia ao quilo e se pesava na balança da fruta, tal como já vinha a acontecer com os têxteis. Mas foi uma conversa tão embaraçosa, parecia uma conversa de malucos, onde ninguém se entendia. No final, ainda nos rimos da confusão! Coisas da língua portuguesa!

 

Moedas

Já não tinha moedas de 1€, mas como estava quase a acabar o meu turno e tinha muitas de 0,50€ não pedi mais. No entanto, quando dou um troco de três euros e pouco em moedas de 0,50€ a cliente ficou com a mão aberta e perguntou se não tinha moedas de 1€. Disse que já não tinha, pedi desculpa, mas a senhora abanou a cabeça descontente...

  

Atitudes sem nexo

Um cliente vai a passar com o carrinho de compras pela caixa e não pára nem tira os artigos para cima do tapete. Digo: " Olhe desculpe, tem que colocar os artigos no tapete para eu registar"! Responde: " Eu sei, eu sei, estava só a ver se isto apitava"! E riu-se como um tolo!

A cliente que me deu um gato

Como já aqui referi algumas vezes, existem aqueles clientes, com os quais , e pelo tempo que já estou nesta empresa, mantenho alguma afinidade. Mesmo não os conhecendo, a não ser daqui. Falo mais com uns do que outros, é certo. Há aqueles que também me dão mais essa abertura que outros, porque se noto que não há essa empatia, como pessoa tímida que sou, também não me imponho.

No meio de tudo isto, eu atendia uma cliente de apenas "bom dia" , " obrigada" e " boa sema/bom fim de semana", nada mais que isto. No entanto, em dezembro eu andava à procura de um gatinho amarelo  porque o meu filho queria um. Perguntei a várias pessoas, clientes incluídos. Estava uma tarefa difícil arranjar um gato que fosse amarelo até ao dia de natal.

É então, que através de uma colega a informação chega a esta cliente. No inicio, a cliente disse que só tinha gatos cinzentos. Só depois de ver quem é que procurava o dito gato amarelo é que foi ter comigo e dizer-me que tinha um gato amarelo.  Esta senhora cuida dos seus gatinhos com tanto amor, que para dar um, tinha de conhecer a pessoa e ter a certeza que o animal seria bem tratado. Deve de ter achado que eu tinha cara de quem trataria bem do gatito! E foi assim que eu fui com o meu marido e filhote à quinta dela buscar o gatinho amarelo. E agora, ficamos muito mais próximas, sempre que ela vai às compras passa pela minha caixa, pergunta como está o gatinho, conversamos imenso sobre o felino. Acabei por descobrir como esta senhora é boa pessoa.

É por estas pequenas coisas que eu gosto do trabalho que tenho. Os laços que se criam, as amizades, as conversas, a simpatia, as partilhas, o que podemos aprender...

Obrigada!

Mais uma vez, um carrinho sem dono a marcar lugar

Alguém deixou um carrinho de compras na fila e desapareceu. Chegou um cliente com três artigos na mão, chamei-o, ele passou e eu atendi-o. Foi embora. Chegou uma jovem com poucas coisas. Desta vez eu levantei-me e fui desviar um pouco o carrinho, pois as pessoas quando ali chegavam hesitavam em passar. Depois de atender esta jovem, chegou um casal com um carrinho cheio. Ainda olhei em redor não vi ninguém, nem sabia a quem pertencia o carrinho. Comecei a atender este casal quando chega uma senhora toda cansada. Quando viu o seu carrinho de lado e as compras dos outros em cima do tapete, disse logo : " Então?! Quem é que tirou o meu carrinho da fila?" Imaginem a minha situação! Lá tive de dizer que não podia estar ali parada, que estas pessoas já eram as terceiras que eu estava a atender, disse tudo com muita calma e com boas maneiras. A senhora pareceu entender, até se desculpou dizendo que lhe parecia não se ter demorado assim tanto.

Enfim...desta vez até nem correu mal de todo! Mas têm de entender que o carrinho não vos pode substituir na fila!

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